Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!

Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!

sábado, 25 de setembro de 2010

Dentro do rio do teu olhar





Hoje acordaste dentro do meu sonho,
enrosco-me em cada palavra
desventro os meus quereres
no mar que me devora
dos meus mais recônditos
sentidos...

Atravesso a alameda
dos meus desejos
e veloz corro,
ganho lanço, voo e sobrevoo
e por vim regresso extasiada
pela longa caminhada
que me faz sentir
assim acordada.


Perco-me agora no leito
do Teu rio que me banha
esse rio que me submerge
e me cura e sara com toque
de beijos...

Tocas-me em cada anseio
emprestas-me o teu poder,
e por momentos corro
e subo uma a uma as escadas
da Tua grandeza, que é imensa...

Recolho-me, depois e percorro
todos os poros, e vejo em cada um
palavras tatuadas, frases contorcidas
de dores, ais que recolho,
que vêm do mundo que conheço
dos rostos que nunca vi antes,
mas sinto no arrepio que me aflora
na pele marcada que queima pelo amor
dor, esperança e paz...


Cada vez que a gota de sangue
cai ao chão, morro por dentro,
e o pedaço de pão que deito fora
e lá longe, outros o buscam no nada
e o meu lixo rico que jogo
ao abandono...

Choro, debato-me
mas faço e como faço o mundo
que me rodeia feliz,
por existir e importar-me.

Também eu estou lá, e preciso
de outros cuidados, percorro
o meu dia abandono tudo
o que é meu, e vivo a vida do outro
tocando, abrigando, sentindo
o final chegar...

Mas estou lá, aonde um dia
também estive, mas agora
a minha missão é amar
os que se preparam para partir...

Ouvindo, doando o céu,
como esperança,
quando nada mais resta
senão a salvação,
choro lágrimas de gratidão
quando sorris com o sorriso
que viste dentro de ti
crescer, e no teu rosto
colho uma flor,
dentro do rio do teu olhar
que agora derrama,
e rega todas as flores
murchas do teu jardim
outrora seco, que por fim respira

E depois, depois será outro dia...


Alice Barros


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