Foi a tua voz,
que me levantou a alma,
que naquele momento desmaiada divagava.
Quando o corpo
se ergue e se debate
e se deixa cair, para de novo florir.
Foi a tua voz
que segurou a minha mão,
a minha trazia o arco-íris, coloquei-o
nos teus cabelos, para te fazer sorrir,
ainda o trazes no canto dos lábios.
Trago no sorriso,
um pouco do algodão
das nuvens de ontem e o céu a brilhar
no canto dos olhos.
Trago o coração silencioso,
está a controlar
o grito mudo que trago na garganta, vestido
de azul com as vestes da oração que derrama.
Trago dentro de mim
um batuque de dor
atraso os relógios do tempo, rasgo todos
os calendários, ordeno ao tempo que pare...
Com ele tudo pára,
e no exacto momento,
o meu pensamento, viu todo o mundo feliz,
e do céu descia um unguento num feixe de Luz!
Ouço vozes,
umas do céu, outras da terra,
são feitas à mesma imagem e semelhança
e vejo Deus em cada olhar a brincar.
A tua voz,
veio com dor, sei que foges dela
no silêncio, também me encontrei no teu
por isso me calo e silencio.
Vi a tua voz voar
entrelaçada com a oração
que caía do céu em forma de benção, trazida
pelo vento que corre e sacode todo o mal
que se esbate e agora embalada num abraço
curada descanso.
Agora fecho os olhos
aconchego-me
e fico quieta, pois sei que não estou só,
ouço o palpitar do teu coração,
em forma de oração e também tu dormes.
Alice Barros
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