Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!

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sábado, 2 de abril de 2011

A bênção de um compromisso absoluto



Há dois relacionamentos em vida nos quais Deus exige compromisso absoluto: o relacionamento do cristão com Cristo e o relacionamento da pessoa casada com seu companheiro. Uma pessoa pode trocar sua cidadania por outra, pode mudar de emprego ou de casa ou de congregação. Mas, os compromissos com Cristo e com o companheiro de casamento são para a vida toda. Abandono de qualquer dos dois traz o desprezo de Deus.

Quando uma pessoa se torna cristã, ela promete sua lealdade a Cristo como seu Senhor e Rei. Perseguições podem vir, ou desânimo, ou tentações ou problemas na igreja, mas ela promete ser fiel, fiel até a morte. Semelhantemente, quando alguém se casa, ele promete à companheira seu amor e fidelidade enquanto os dois viverem. Problemas podem surgir, ou doença, ou dificuldades financeiras, ou pressão dos membros da família, ou mal-entendidos, mas ele promete ser fiel. Ele não a deixará. Ele nem pensa em divórcio. Ele tem um compromisso com ela—ele pertence a ela e ela a ele—e o compromisso é absoluto.

A vontade de Deus em relação à permanência do casamento é claramente revelada. No casamento, um homem deixa seu pai e sua mãe e se une à sua esposa (Gênesis 2:24). São ligados (Romanos 7:2-3). São ajuntados por Deus e não devem ser separados (Mateus 19:6). Eles se tornam uma só carne (Mateus 19:6). Não conseguimos imaginar termos mais fortes para descrever a permanência do relacionamento. Não é de admirar que Malaquias disse que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16).

A maior alegria que o homem pode realizar na terra se encontra nesses dois relacionamentos de compromisso absoluto. A alegria não é encontrada no meio-compromisso. Um homem que está sempre considerando outros empregos, nunca se comprometendo com seu atual emprego, é um homem instável, dividido entre duas opções. É assim com a pessoa que tenta servir ao Senhor com meio-compromisso. Ele anda entediado e desinteressado, com apenas a religião suficiente para ficar infeliz. Ele procura segurar o mundo com uma mão e o Senhor com a outra, e não acha a felicidade em nenhum dos dois. Por outro lado, precisamos olhar para os apóstolos e os primeiros discípulos para ver que o compromisso absoluto, o tipo de compromisso que aceita perseguição e faz sacrifício, é um elemento básico da felicidade no Senhor (Atos 2:41-47; 5:40-42; 16:25).

É assim com o casamento. Deus sabia que a alegria no casamento seria encontrada somente no compromisso absoluto. Portanto, ele ordenou pelo apóstolo Paulo: "...cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido" (1 Coríntios 7:2). Essa declaração pode perturbar aqueles que, no passado, ignoraram o ensinamento dele (as conseqüências do pecado sempre são terríveis SGálatas 6:7-8), mas ela é para o benefício do homem, e vem de Deus, o qual manda para o nosso bem (Deuteronômio 10:13).

Œ Compromisso absoluto cria confiança no casamento. O marido não precisa se preocupar com a fidelidade de sua esposa, nem a esposa precisa se preocupar com a lealdade do marido, pois seu compromisso um com o outro é aberto e óbvio. Devido ao seu compromisso aberto, tentação à infidelidade quase não existe. Por outro lado, aqueles que têm meio-compromisso serão freqüentemente tentados, pois tentação é inerente ao compromisso parcial.

 Compromisso absoluto cria segurança no casamento. Segurança vem de confiança e permanência. Quando uma pessoa duvida se seu relacionamento com uma outra pessoa é forte e permanente, ela se sente insegura.

Ž Compromisso absoluto cria estabilidade no casamento. Já passaram os dias perturbados, instáveis e inseguros do namoro. Agora vem um relacionamento seguro e duradouro com um único parceiro.

 Compromisso absoluto constrói um alicerce sólido como a base do casamento. Sem esse alicerce, nenhuma família de qualidade será construída.

Gus Nichols escreveu uma vez que ele e sua esposa assistiram, no domingo anterior, às aulas bíblicas e dois cultos na congregação. Ele comentou que eles não tomaram a decisão naquele domingo, mas que a tomaram 40 anos antes, quando se tornaram cristãos. Ele disse que, quando apareceram em todas as reuniões da igreja, estavam meramente cumprindo o compromisso que haviam assumido 40 anos antes. Semelhantemente, eu coloquei a minha cabeça no travesseiro ontem à noite ao lado da minha esposa, e acordei hoje ao lado dela. Se Deus quiser, farei a mesma coisa hoje à noite e continuarei fazendo a mesma coisa enquanto nós dois vivermos. Não é que tomamos essa decisão agora, pois tomamos essa decisão há 25 anos. Meramente continuamos cumprindo o compromisso que fizemos muitos anos atrás.

"Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Hebreus 13:4).

Bill Hall

Deixando Deus ser Deus




“Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Salmo 100:3).

Se a nossa busca por Deus não for reverente, será mal-sucedida. Temos de reconhecer a soberania de Deus sobre nós, vendo-o não somente como o Criador, mas também como o nosso sustentador e reitor. É a nossa tentativa de nos regermos por nós mesmos que nos tem encrencado, e antes que o reino de Deus possa “chegar”, o nosso precisa “sair”. Temos de humilde, confiante e contentemente deixar Deus ser Deus.

Humildade. Em um mundo obcecado por si, o louvor a Deus torna-se, muitas vezes, pouco mais que o louvor aos nossos desejos. Demandamos que Deus seja aquilo que almejamos e que ele resolva os nossos problemas da maneira que prescrevemos. Mas Deus não existe para nossos propósitos pragmáticos, e o aviso de Oswald Chambers é sábio: “Cuidado com a tendência de ditar a Deus as conseqüências que você permitiria como condição de sua obediência a ele”.

Confiança. Aqueles que se sentam no trono de Deus e tentam controlar o que acontece no mundo logo reconhecem que o trabalho é, para um ser humano, tão estressante quanto impossível. Como nos liberta ficar calmos e deixar que Deus cuide do funcionamento do universo! A pessoa que o busca de forma reverente descansa na confiança que se pode contar com Deus para supervisionar o mundo sem o nosso conselho e fazer acontecer seus propósitos sem o nosso auxílio.

Contentamento. Deus deve ser o nosso centro, a fonte completa de nossa adequação, a única coisa que verdadeiramente precisamos. Quando chegarmos a entender a sua suficiência, e quando confiarmos nele sem reservas para suprir as nossas necessidades pela segurança e significância, poderemos experimentar uma paz que de outra forma seria inatingível. Dag Hammarskjold expressou a essência da paz nestas palavras: “Diante de ti em humildade, contigo na fé, em ti na paz”.

Buscar a Deus – na verdade e não com orgulho e auto-suficiência – é buscá-lo em reverência. É direito de Deus, não nosso, de estabelecer os termos de nossa relação com ele, e essa comunhão não será o que ansiamos até que deixemos Deus ser Deus. “Foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio.”

O grande ato de fé é um homem decidir que ele não é Deus.
(Oliver Wendell Holmes)

por: Gary Henry

Deixando as pessoas serem pessoas



“Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem?” (Salmo 56:11).

Quanto mais confiamos na proteção de Deus, melhor podemos lidar com a imperfeição humana. Não há outra maneira saudável de sobreviver em um mundo torto. Nada além do amor divino pode nos preparar para amar os outros como devemos, pois é a nossa segurança no amor perfeito de Deus que torna seguro amar aqueles que não são perfeitos. Sem o Deus que as ordenou, as leis do amor seriam difíceis e perigosas, sem dúvida.

Quando a nossa maior confiança está em Deus, não somos tão vulneráveis em relação às decepções que surgem ao lidarmos com outras pessoas. Podemos ser autenticamente pacientes e longânimos. Ainda ficamos profundamente magoados quando as pessoas nos decepcionam, e, certamente, não é correto fingir outra coisa. Porém, em nossa mágoa, podemos ver essa realidade de uma perspectiva muito maior. Quando nossos “tesouros” terrestres são ameaçados, não reagimos da mesma maneira que reagiríamos se os mesmos fossem os nossos únicos tesouros.

Até o ponto em que confiamos no poder de Deus para cumprir seus propósitos à sua própria maneira, não seremos levados pelo impulso de “controlar” o que acontece ao nosso redor e de evitar que certas coisas aconteçam.“Com o fortalecer de sua fé você descobrirá que não há mais a necessidade de se ter uma sensação de controle, que as coisas fluirão do jeito que devem fluir, que você fluirá com elas para sua grande alegria e benefício” (Emanuel).

Quando confiarmos o cumprimento de nossas necessidades mais profundas a Deus, não olharemos para outros seres humanos fazendo com que nos forneçam mais do que são capazes de fornecer. Nossas expectativas para com as outras pessoas serão mais realistas quando vimos Deus como a única fonte daquilo que mais precisamos. Seguros em seu amor, não colocaremos em mais ninguém a carga impossível de nos amar perfeitamente.

Deve-se dizer, no entanto, que a confiança na perfeição de Deus nos liberta para vermos as nossas próprias limitações por um ângulo melhor. O orgulho é, afinal, algo muito cansativo e improdutivo, e o reconhecimento humilde de que não somos Deus não nos confina, dá-nos poder. Faremos um trabalho melhor, tornando-nos verdadeiros seres humanos, quando paramos de tentar fazer o trabalho de Deus e nos concentramos nas tarefas que verdadeiramente nos cabem.

A fé permite que as pessoas sejam pessoas porque permite que Deus seja Deus.
(Carter Lindberg)

por: Gary Henry

Como podemos fazer tudo em nome do Senhor Jesus?



Em Colossenses 3:17, Paulo diz: "E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai." Esse versículo ensina um princípio importantíssimo: devemos sempre agir de acordo com a autorização de Jesus.

Mas, muitas pessoas usam o nome de Jesus livremente, como se fosse uma palavra mágica. Pensam elas que a simples invocação do nome de Cristo garante os resultados que querem. Gritam o nome de Jesus para expulsar demônios, enquanto ensinam doutrinas que negam a palavra dele. Colocam o nome de Jesus em suas "grandes obras", eventos sociais e festas musicais, mas não praticam as coisas que ele ensina. Não honramos o Senhor usando seu nome para descrever coisas que ele nunca autorizou. Exemplos bíblicos mostram que tal abuso do nome do Senhor não é a vontade de Deus.

Os sete filhos de Ceva aprenderam essa lição de um modo dramático (Atos 19:13-17). Outras pessoas, até hoje, continuam usando o nome de Jesus de maneira errada e serão surpreendidas no juízo final.

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicita-mente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade" (Mateus 7:21-23).

Uma ilustração do dia-a-dia nos ajuda a entender um outro abuso do nome de Jesus. Imagine que alguém vai ao banco para sacar dinheiro da minha conta. "Em nome do Dennis, eu peço esse dinheiro", ele fala. O funcionário do banco pedirá autorização, por escrito, com a minha assinatura (cheque assinado, ou talvez uma carta em três vias autenticadas no cartório). "Ele não mandou nada disso," a pessoa continua, "mas eu sei que o Dennis vai ficar contente com este saque." Espere aí! O funcionário vai recusar o pedido, porque não tem prova que esta pessoa está agindo em meu nome. Ainda bem!

Mas muitas igrejas estão usando o nome de Jesus para descrever atividades e obras que ele nunca autorizou. Nós, como servos do Senhor, temos todo motivo para perguntar: "Onde está a autorização de Jesus para fazer tal coisa?" Muitos respondem: "Ele não a mandou, mas eu sei que Jesus vai ficar contente com esta obra." Espere aí! Devemos rejeitar a atividade. Vem do homem, não do Senhor.

Mostramos amor e respeito pelo Senhor quando respeitamos a palavra dele (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).

por: Dennis Allan

Construa compromisso total com Cristo, não com os homens



Dois apêndices ao livro de Juízes (capítulos 17-21) ilustram a treva moral e espiritual do período. A iniqüidade desses tempos está repetidamente relacionada com a falta de um rei em Israel (17:6; 18:1; 19:1; 21:25). Esta parte do livro começa e termina com a mesma explicação: "Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto" (17:6; 21:25).

Mas, por que era necessário um rei? Não havia Deus tomado providências para capacitar os israelitas tanto a conhecer como fazer sua vontade? Claro que sim. Ele tinha dado a lei e estabelecido um sacerdócio para ensinar, e festas de comemoração para relembrar o povo. Mas o problema era que Israel não era um povo espiritual. Era uma nação física muito parecida com a nossa própria: um povo que, com poucas exceções, não tinha desejo de aprender e fazer a vontade de Deus. A ordem só poderia ser mantida com um forte regente no trono, impondo a lei com mão firme.

Josias foi o último rei forte em Judá. Ele era um homem temente a Deus que dirigiu um grande movimento de reforma em Judá, esforçando-se por trazer a nação de volta a Deus. Ele insistiu que o povo cumprisse a lei. Ele ordenou ao povo que guardasse a Páscoa. Ele destruiu os altares idólatras e, enfim, fez um grande esforço para livrar o país da idolatria e das abominações associadas a ela. O relato em 2 Reis 22-23 pode levar-nos a pensar que Judá tinha sido totalmente limpo da apostasia. Surpreende-nos descobrir que, não obstante, a ira de Jeová ainda estava dirigida contra a nação, por causa das abominações trazidas por Manassés (23:26-27; veja 24:3-4).

Jeremias dá a explicação. Sua avaliação da reforma de Josias é resumida numa simples sentença: "Não voltou de todo o coração para mim a sua falsa irmã Judá, mas fingidamente, diz o SENHOR" (Jeremias 3:10). Jeremias percebeu que, na maior parte, Judá não estava realmente convertido. A idolatria e a descrença ainda estavam nos corações do povo. O abandono de Jeová tinha sido apenas exteriormente restringido pelo poder do trono. Como Isaías havia escrito sobre um tempo anterior, o "temor" exterior de Jeová era somente "em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu" (Isaías 29:13). O povo não amava Deus. Tão logo um mau rei chegasse ao trono, a idolatria que enchia os corações irromperia e o julgamento viria nas mãos dos babilônios. A pregação de Jeremias foi um esforço para mudar os corações do povo. Mas ele não era capaz de impedir a maré.

A nova aliança predita em Jeremias 31:31-34 não seria uma aliança nacional, mas uma feita com indivíduos espirituais (veja 31:29-30 e Ezequiel 18) de cada nação, cujos corações tinham sido ganhos para Jeová, um povo penitente passando por uma experiência de conversão tão drástica que seria chamada um novo nascimento e ele seria uma nova criação (2 Coríntios 5:17; Gálatas 6:15). O Espírito do próprio Jeová habitaria nos seus corações (Ezequiel 36:26-27) por intermédio da lei que Jeová escreveria sobre seus corações (Jeremias 31:33). Jeová realizaria tal efeito, não por alguma experiência irracional, "melhor sentida do que falada"; mas, as pessoas eram "ensinadas por Deus" (João 6:44-46), o mesmo método que Jesus estava usando quando ele explicava isso. Assim, a lei não seria simplesmente gravada em pedras; estaria nos corações do povo que amava Deus e obedecia a lei pela reverência e devoção real que está em seus corações.

Cometemos um grave erro quando abandonamos os métodos de Jeremias por aqueles de Josias. O que Deus quer cumprido pelo povo não pode ser cumprido através de táticas de coerção ou pressão, isto é, pressões duras a cumprir cotas; embaraço; operações policiais utilizando-se de informações secretas para manter o povo na linha; "parceiros de oração" que se tornam mais parecidos com cães de guarda para impor a conformidade; qualquer coisa que ponha o livre arbítrio fora de serviço. O trabalho de Deus somente pode ser feito através do ensinamento, persuasão, e mudança dos corações do povo. Nós, que nos dedicamos ao trabalho do evangelho, precisamos ler as cartas de Paulo sobre o ministério do evangelho (especialmente 2 Coríntios) até que seus métodos se tornem inteiramente nossos. Ele tinha renunciado qualquer vestígio dos métodos de manipulação dos falsos mestres e adotado o único método pelo qual o trabalho de Deus poderia ser feito: "...nos recomendando à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade" (2 Coríntios 4:2). Quando ele ensinou os coríntios sobre o dar, ele não falou "na forma de mandamento" --pois o que Deus queria realizar não poderia ser feito desse modo-- mas usou de um exemplo persuasivo para trazer os coríntios a uma demonstração do amor deles (2 Coríntios 8:8). Ele tinha confiança em que podia lidar com eles desse modo, pois tinham aprendido a dar ao pé da cruz (2 Coríntios 8:9).

E, assim, quando hoje nossos irmãos não quiserem dar ou, de outro modo, responder, não temos que tentar imaginar um modo de forçá-los a obedecer. Devemos sentá-los ao pé da cruz e deixar o sacrifício de nosso Salvador fundir os corações duros.

por: L. A. Mott, Jr.

Lições de José na casa de Potifar



Prover-nos de bons exemplos é uma abordagem pela qual o Senhor decidiu instilar em nós um sentido de sermos bons modelos. Exemplos são efetivos para inspirar-nos a fazer uma mudança. Por exemplo, se um amigo acabou de perder cem reais, pode-se raciocinar: "Se ele pôde perder cem reais, certamente poderei perder meus cinqüenta." Exemplos bíblicos não estão registrados meramente para serem leitura interessante; eles foram escritos para nosso aprendizado (1 Coríntios 10:11). A história de José na casa de Potifar registrada em Gênesis 39:1-12 provê algumas lições interessantes.

No versículo 2, o texto afirma: "O Senhor era com José que veio a ser homem próspero..." Ainda que isto se refira a tornar-se materialmente próspero, José era também, certamente, bem sucedido espiritualmente. Uma das lições que pode ser aprendida conforme a história se desenvolve é que até mesmo uma pessoa espiritualmente bem sucedida não está isenta da tentação. Paulo adverte: "Aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia" (1 Coríntios 10:12). Precisamos estar sempre em guarda contra as manobras de Satanás.

"O Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José" (versículo 5). Uma segunda lição a ser aprendida é que até mesmo aqueles que estão fora do Senhor podem ser abençoados simplesmente por terem algum contato com aquele que está no Senhor. O trabalhador eficiente e bem apessoado pode ser instrumento útil para levar muitos a Cristo. A esposa crente que é casada com um descrente pode ter uma profunda influência para sempre sobre seu esposo (1 Pedro 3:1-2). Os cristãos orarão freqüentemente por não cristãos, até mesmo por inimigos. A influência de quem está no Senhor transcende o círculo somente de cristãos.

José era "formoso de porte e de aparência" (versículo 6). Uma terceira lição é que traços que o mundo estima podem tornar-se pedras de tropeço para aqueles que os possuem. Por exemplo, um jovem e bem apessoado zagueiro que está convencido de que é uma dádiva de Deus à humanidade, ou a moça bonita que se considera superior a outros tem uma visão confusa de prioridades. É óbvio, pelo texto, que José não permitiu que sua boa aparência fizesse-o tropeçar. Se você é uma pessoa que foi abençoada com uma aparência atraente, dê graças a Deus por ela mas não tropece por causa dela. Permaneça sempre humilde como nosso Senhor foi humilde.

José perguntou, piedosamente, "...como, pois, cometeria eu tamanha maldade, e pecaria contra Deus?" (versículo 9). Um desserviço a um companheiro é, antes de tudo, um desserviço a Deus. Quando Natã expôs o pecado de Davi com Bate-Seba, a resposta do rei foi: "Pequei contra o Senhor" (2 Samuel 12:13). Mais tarde, quando Davi estava recordando seu terrível feito, ele falou para Deus: "Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos" (Salmo 51:4). O pecado de Davi não afetou outros? Certamente que sim, de vários modos, mas ele afirmou que, com maior importância, ele tinha pecado contra seu Deus. Quando o filho pródigo recobrou finalmente seus sentidos, ele fez um voto "Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti" (Lucas 15:18). Observe a ordem na qual "céu" e "diante de ti" aparecem. Que importante lição a ser recordada! Quando pecamos contra nosso companheiro, primeiro fazemos um desserviço a Deus.

Há, ainda, outra lição a ser colhida. O registro inspirado informa ao leitor que a esposa de Potifar instigou José não uma só vez, mas antes "todos os dias" (versículo 10). Isto significa que ela tentou seduzi-lo tanto quando ele estava fraco como quando ele estava forte. Algumas das mais fortes tentações da vida são aquelas que ocorrem "todos os dias". Para quem está fazendo dieta, não é tanto uma única refeição farta que o "arruína," como são as tentações de todos os dias para apenas mais um bocado. Não admira que a organização dos Alcoólicos Anônimos lute para convencer os alcoólatras em recuperação a que vivam um dia de cada vez; se eles podem passar um dia sem uma bebida, isso é um grande sucesso!

Finalmente, a resposta de José à tentação de sua tentadora de impor-se a ele é impressionante. Uma palavra descreve a resposta: "fugiu" (versículo 12). José tinha uma escolha: ele poderia ficar e tentar justificar-se (pois afinal eram os atos dela e ele não tinha escolha) ou poderia fugir. Tem-se que desejar aceitar as conseqüências de seus próprios atos. Nunca se pode dizer "Ele (ou ela) me obrigou a fazer isto". Ele pode ter contribuído com a tentação mas ele não o forçou a fazer nada. Alguns anos atrás, um homem, na praia de Newport, na Califórnia, ignorou os sinais que diziam "Perigo! Não mergulhe, água rasa". Quando ele sofreu sérios danos na coluna vertebral, depois de mergulhar na água, ele tentou processar a prefeitura por danos! Precisamos estar dispostos a aceitar as conseqüências de nossos próprios atos.

Estas são algumas lições que podem ser aprendidas da história de José na casa de Potifar. Parece, contudo, que a lição mais importante a ser aprendida é a pureza moral. Honre, glorie e louve a Deus por nos dar este exemplo de pureza moral para homens de todas as gerações.

Por: Larry Houchen

Palavras bem-vindas



"Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo" (Provérbios 25:11). Palavras são veículos que carregam pensamentos. A palavra apropriada precisa ser escolhida para que o pensamento seja levado com exatidão, e a maneira pela qual a palavra é dita ajuda o veículo a transportar sua carga sem perda.

Palavras apropriadas

Por favor, dê um tempo para considerar os seguintes pontos relativos às palavras ditas a seu tempo.

Conselho oportuno. Sugestões e recomendações são, às vezes, excelentes; mas se o momento não é oportuno, o conselho não atinge o alvo. Há uma arte de se dizer a coisa certa na hora certa. Uma palavra de conselho que é oportuna é dita adequadamente.

Pensada cuidadosamente. No uso das palavras, a qualidade é mais importante do que a quantidade. As palavras que saem da boca do conversador superficial são raramente ditas adequadamente. Pensa muito pouco aquele que fala demais. A pessoa que deseja que suas observações sejam adequadas e dignas de serem ouvidas precisa aprender a pensar com cuidado antes de falar.

Apreciada. Uma palavra dita apropriadamente é estimada ou valorizada pelo ouvinte. Para ser apreciada, uma palavra precisa ser compreendida. Alguns pregadores erram o alvo ao usar palavras que seus ouvintes não entendem. Palavras difíceis obscurecem; linguagem simples derrama luz.

Adaptadas à ocasião. Há momentos em que a palavra mais adequada está na forma de elogio ou encorajamento. Assim como a gasolina bem aditivada, o encorajamento ajuda a eliminar as trepidações. A palavra apropriada em outra ocasião pode ser uma expressão de simpatia. O indivíduo que é desanimado ou desencorajado pode ser auxiliado por uma observação que mostre compreensão e compaixão. Ou, numa oportunidade diferente, a palavra apropriada pode ter a forma de censura. Feliz é a pessoa que gradua suas palavras para que elas se adaptem às circunstâncias.

Habilmente expostas. A verdadeira arte da conversação não é só dizer a coisa certa no lugar certo, mas evitar ou esclarecer as coisas mal-entendidas. Algumas pessoas usam muito pouca discrição em suas observações. Como é dita uma coisa pode determinar seus resultados tão bem como o conteúdo em si da mensagem. Paulo escreveu sobre falar "a verdade em amor" (Efésios 4:15); isso se relaciona tanto com a maneira de dizer como com o que é dito. Se você deseja que suas palavras sejam ditas a seu tempo, aprenda a ter tato na conversação.

Maçãs de ouro

A palavra dita apropriadamente é como "maçãs de ouro em salvas de prata". "Maçãs de ouro" provavelmente significa fruta dourada, como laranja ou damasco (Kufeldt). Não temos certeza que o fruto que chamamos "maçã" crescesse na Palestina nos tempos bíblicos. Há quem pense que maçãs nas Escrituras fossem cidras ou marmelos, ou talvez o damasco. Delitzsch interpreta maçãs de ouro como o nome poético para as laranjas. Qualquer que seja o fruto específico, a comparação é bastante fácil de entender e o ponto do provérbio é claro.

Salvas de prata

Há quem pense que seja referência a uma pitoresca cesta de prata trabalhada, cheia de frutos amarelos dourados. "O contraste do fruto de ouro na finamente trabalhada cesta de prata, que pode, em conjunto, ser chamada obra de pintura, tem um delicado e agradável efeito sobre a vista, assim como o fruto contido tem sobre o paladar numa recepção, num dia de mormaço. Assim, a palavra dita judiciosa e oportunamente está tanto em seu lugar como as maçãs de ouro nas cestas de prata" (A. Clarke).

Dois pontos ressaltam na comparação. Uma palavra dita apropriadamente é como fruto dourado servido em bandejas de prata porque tal coisa é ì bela, e í refrescante.

"Palavras apropriadas, bem vindas, são tão belas como um fruto dourado sobre um fundo de prata. Tais palavras, como uma pintura bem executada, são tão encantadoras como uma elegante moldura feita para a pintura" (Delitzsche).

E como é refrescante a aparência do fruto dourado numa cesta de prata! Muitas vezes uma fruteira contendo frutas frescas é colocada sobre uma mesa para acrescentar uma atmosfera sadia à área do jantar. Palavras sadias, apropriadas, são como refrescos. Freqüentemente as palavras que ouvimos são inadequadas, mal escolhidas, e soam muito mal. Uma palavra que se ajusta às circunstâncias e conduz um pensamento apropriado é revigorante. Acolhemos com prazer aquelas palavras que são ditas a seu tempo.

por: Irvin Himmel

Como matar um gigante



A batalha de Davi e Golias é uma das histórias mais bem-conhecidas em toda a Bíblia. Um campeão, Golias, saía do campo dos filisteus todos os dias durantes mais ou menos quarenta dias, desafiando o exército israelita para mandarem um competidor digno. Este gigante filisteu tinha mais ou menos três metros e usava pelo menos 55 kilos de armadura. Confiante na superioridade de seu equipamento e da sua força natural ele propõe uma competição em que o ganhador ficaria com tudo. Ninguém aceitava a proposta!
O jovem Davi foi enviado por seu pai para levar grãos tostados, pães e queijo para os seus irmãos e o seu comandante na frente da batalha. Foi neste campo que a vida de Davi tomou um rumo diferente, e nunca seria a mesma. O resultado final, porém, não aconteceu por acidente. Davi fez quatro coisas que, para sempre, instruirão os jovens e os jovens de coração.
Œ Ele se aproveitou da sua oportunidade. Conhecemos Davi como um pastor, um músico, um salmista, um lutador e um rei. Mas a porta para uma carreira bem-sucedida como homem de Deus apareceu para ele no vale de Elá. Ao observar de primeira-mão a intimidação e guerra psicológica de Golias, Davi perguntou, “... aos homens que estavam consigo, dizendo: Que farão àquele homem que ferir a este filisteu e tirar a afronta de sobre Israel? Quem é, pois, esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?” (1 Samuel 17:26). Ninguém jamais consegue qualquer coisa de importância se não aproveitar de suas oportunidades. A covardia das forças armadas israelitas, incluindo o Rei Saul, era uma porta aberta para Davi. O mesmo menino pastor que havia matado um leão e um urso diria ao rei “este incircunciso filisteu será como um deles...” (17:36).
 Ele não permitiu que a sua juventude o detesse. O irmão mais velho de Davi, Eliabe, falou com desdém: “Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a tua maldade; desceste apenas para ver a peleja” (17:28). Outros que minimizavam poderiam ter dito: “Ah, ele é jovem e inexperiente. É apenas a exuberância da juventude.” Mesmo hoje, os jovens na igreja naturalmente procurarão as pessoas mais velhas em posições de influência, mas isso não quer dizer que eles não tenham nada a oferecer. Um jovem piedoso pode fazer uma diferença!
Ž Ele viu a vitória antes de lutar a batalha. Não se pode perceber algum traço de medo na voz de Davi neste episódio todo. Pelo contrário, a sua coragem espalha. Ele informou ao rei: “Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra o filisteu” (17:32). Quando, enfim, aconteceu a batalha, Golias deu um ataque verbal: “Sou eu algum cão, para vires a mim com paus?” (17:43). Da mesma maneira que falar feio é uma parte feia dos esportes modernos, era uma parte da etiqueta das batalhas antigas. Tem-se a impressão, mesmo assim, que Golias estava genuinamente ofendido com o jovem bonito, não ameaçador, que estava diante dele. É o melhor que os israelitas podem oferecer? Pelo contrário, Davi ficou firme e envolveu o gigante verbalmente, mas não se orgulhou da mortal certeza da funda dele. “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a quem tens afrontado...porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos” (17:45,47).
 Ele foi movido por um propósito maior. Davi fala ao seu oponente que a vitória iminente tinha um objetivo maior: "e toda a terra saberá que há Deus em Israel” (17:46). O jovem Davi foi movido pela vingança do nome de Deus em um mundo ignorante. Você fica triste em pensar em quantos dos seus amigos e vizinhos não conhecem a Deus? Se isso te chateia, o que você fará? Davi não aceitaria sentar ao lado enquanto um filisteu incircunciso desafiou os exércitos do Deus vivo! Enquanto a verdade de Deus leva uma pessoa a indignação justa e confiança absoluta, como também preocupação pelas almas perdidas de outras pessoas, ela não poderá mais tremer em timidez. Ao invés disso, ela se levantará e agirá. Como Isaías, ela dirá “Aqui estou, envia-me”. Como termina esta história? “Assim, prevaleceu Davi contra o filisteu, com uma funda e com uma pedra, e o feriu, e o matou” (17:50). O resto, como dizem, é história.

por: Mike Wilson

Do trabalho penoso à glória ilimitada



"Verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito" (Isaías 53:10-11). Os versículos finais de Isaías 53 levam a história do Servo sofredor a uma conclusão tão surpreendente como seu começo. O profeta tinha-nos dito como terminaria até mesmo quando ele começou sua profecia (52:13), mas, na realidade, toda essa rejeição e sofrimento humilhante atingindo o clímax com a morte vergonhosa, pode tornar incrível um final feliz. Mas aí está.

Até agora o Servo do Senhor tem sido passivo, submisso, sem resistência. Mas do silêncio de seu sepulcro explode uma enorme energia. Não a despeito, mas por causa de seu sofrimento, o Servo do Senhor começa poderosamente a elaborar seu destino apontado. "Por isso eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele... porquanto derramou a sua alma na morte..." (53:12). O eterno propósito do grande Deus era para ser elaborado nas próprias mãos que tinham sido danificadas por nossos pecados. O triunfo do Servo foi, por sua magnitude, eclipsar sua humilhação. O manuscrito de Isaías dos Pergaminhos do Mar Morto diz em 53:11: "Do trabalho penoso da alma para a glória sem limites, do sofrimento para a plenitude de graça!"

Sobre o que não cabe em questão aqui é que Isaías está entre aquelas vozes do Velho Testamento que falaram muito de antemão da ressurreição do Messias dentre os mortos (Lucas 24:44-46). Davi certamente falou dela (Salmo 16:8-11; Atos 2:25-31; 13:35-37), mas não mais poderosamente do que o grande profeta messiânico de Judá. Não admira, então, que Jesus lidasse tão severamente com a teimosa descrença dos saduceus na própria idéia de uma ressurreição (Mateus 22:23-32). Ou que ele censurasse os dois discípulos confusos na estrada de Emaús porque eles não tinham entendido, por aqueles mesmos profetas, os eventos que tinham aniquilado seus espíritos, que a glória para o ungido do Senhor precisava vir pelo caminho do sofrimento e da morte (Lucas 24:25-27).

Mas faríamos bem em não lidar com esses discípulos desalentados tão hipocritamente. Cremos em sua ressurreição não tanto pelo testemunho dos profetas quanto pelo testemunho dos apóstolos. E às vezes tudo é causa para admirar se temos entendido o grande princípio que atravessa o evangelho, tanto na profecia como na proclamação, que para os discípulos de Jesus, assim como para seu Mestre, não há glória sem sofrimento. É "...através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (Atos 14:22), "... todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2 Timóteo 3:12). Cada cristão tem um encontro marcado com a aflição (1 Tessalonicenses 3:3-4), não simplesmente porque ser um cristão nos põe em dificuldade, mas porque as provações são essenciais à elaboração do eterno propósito de Deus para nossas vidas. É no cadinho do sofrimento que nossa fé é purificada (1 Pedro 1:6-7) e pela provação de nossa fé que o espírito pertinaz de resignação necessário a nos manter confiantes e servindo o Senhor até o fim é produzido (Tiago 1:3-4). Pedro diz que fomos "chamados" para suportar as aflições e sofrer injustamente, "...pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos..." (1 Pedro 2:21).

É o Servo sofredor que tornou possível para nós regozijar na humilhação e sofrer por casa dela porque ele ligou para sempre o sofrimento à glória. Paulo afirma triunfantemente que cada cristão deveria saber que "nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória" (2 Coríntios 4:17) e "que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós" (Romanos 8:18). Portanto, ele diz "...e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança" (Romanos 5:2-3).

Pedro começa sua primeira epístola louvando a Deus pela esperança viva pela qual fomos gerados de novo "mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos" (1:3). O corpo de sua carta é então dirigido ao sofrimento que necessariamente acompanha a vida do povo de Deus, e fecha com estas palavras: "Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar" (5:10).

E como sabemos que isso é verdadeiro? Porque temos visto a glória que foi revelada em Jesus Cristo. E não devemos jamais ser encontrados de novo duvidando da providência de Deus no meio de nossa dor. O Deus eterno glorificou eternamente em seu Servo sofredor a dor e a humilhação dos inocentes. Da desgraça veio a exaltação, e do sofrimento, glória. Que o Senhor, portanto, nos livre de uma infidelidade lamurienta e nos dê uma alegria triunfante em todas as nossas tribulações, quando olhamos com admiração para Jesus "o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus" (Hebreus 12:2).

Por: Paul Earnhart

LÁZARO- MORAR NO CÉU!

Uma sepultura com os perversos



"Por juízo opressor foi arrebatado... designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte; posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca" (Isaías 53:8-9).

Sobre a visão profética de Isaías desce um profundo silêncio. O servo do Senhor foi-se agora, rapidamente cortado por injustiça ultrajante e brutalidade. Poucos veriam sua própria perversidade espelhada no horror do sofrimento dele (versículos 4-6), mas a maioria continuaria em distraída desconsideração (versículo 8).

A humilhação que seus inimigos queriam para ele não era para ser preenchida só pela desolação de sua morte. Teria também que perseguir seu corpo mutilado a uma sepultura de criminoso, sem nome. Não há evidência de que a hierarquia judia planejou para que Jesus fosse crucificado entre dois criminosos, mas isso certamente lhes agradou. Eles desejavam ardentemente que ele fosse identificado com os notoriamente perversos. Tão intenso era o seu ódio pelo Senhor que estes assim chamados juízes abandonaram toda dignidade, toda conveniência, e vieram fartar seus olhos sobre sua angústia final (Mateus 27:41-43; Lucas 23:35). Foi esplêndido para eles, um doce triunfo para ser saboreado até o fim.

Há incerteza sobre Isaías 53:9. O manuscrito de Isaías dos Pergaminhos do Mar Morto dizem "Sua sepultura foi determinada entre os perversos, seu túmulo entre os malfeitores," mas o texto recebido mais comumente diz "com um rico em sua morte." E Mateus parece decidido a fazer a identificação com exatamente tais palavras do profeta quando ele registra que "... veio um homem rico de Arimatéia, chamado José..." (Mateus 27:57). Young entende que a passagem esteja dizendo que homens indicaram ao servo uma sepultura entre os perversos, mas Deus, por causa de sua absoluta inocência, assegurou-lhe um sepultamento honroso (E. J. Young, Isaías, Vol. 3, pág. 440).

Se a prática romana usual tivesse sido seguida, Jesus teria sido sepultado com sua cruz numa vala comum. Somente a ousada intervenção de um membro do Sinédrio afastou esta humilhação final (Mateus 27:57-60; Marcos 15:42-46). José de Arimatéia tinha sido, evidentemente, um "discípulo secreto" de Jesus durante os eventos dos últimos meses (João 19:38), mas aquele que não poderia reconhecer abertamente sua fé enquanto Jesus vivia, vem agora "ousadamente" reclamar seu corpo. E, admiravelmente, seu colega conselheiro, veio com ele (João 19:39). É uma das ironias da morte de Jesus que homens que ficaram com ele em vida, fugiram de seu corpo mutilado; enquanto aqueles que temiam reconhecê-lo enquanto vivia foram os primeiros a pedir abertamente seu cadáver. Que cena maravilhosa é imaginar aqueles dois "eminentes" homens, talvez de braços dados, gentilmente descendo seu corpo sem vida da cruz na mais doce das camaradagens. Eles não estavam envergonhados dele agora!

E havia as mulheres, aqueles corações tenazmente leais que ficaram junto à cruz, próximo a sua humilhação (João 19:25). Ainda que incapazes de aliviar a dor de seu Mestre, elas se recusaram a se afastar dela ou dele. E quando José envolveu seu corpo inanimado em pano de linho e o colocou em seu próprio sepulcro novo, e Nicodemos banhou-o amorosamente numa riqueza de especiarias (João 19:39), as mulheres seguiram e marcaram o lugar onde ele tinha sido deposto. Ainda que muito já tenha sido feito para Jesus, elas estavam determinadas a fazer mais (Lucas 23:55-56). Se não puderam proteger sua vida da vergonha em vida, elas o fariam em sua morte.

Não podemos ter certeza de quanta esperança houvesse em toda esta atenção com o corpo de Jesus, mas é certo que havia muito amor. O que quer que o futuro guardasse, seu amor e palavras tinham mudado suas vidas e elas não o esqueceriam.

Mas no meio da morte do Filho de Deus há uma grande demonstração de uma esperança confiante e fé, e isso no lugar mais inesperado. Os dois ladrões que partilharam a sina de Jesus estavam dispostos, a princípio, a acrescentar seu escárnio ao dos espectadores, mas um deles ficou tremendamente comovido pelo que viu neste paciente sofredor que encontrou força para orar por aqueles que o estavam matando sem misericórdia. A ressurreição de Lázaro dos mortos não poderia ter penetrado este criminoso moribundo tão profundamente como a maravilha de tal amor generoso não correspondido. Ele foi capaz de ver nesta figura patética a glória do Deus ungido e de ver nele a esperança até para aqueles como ele mesmo (Lucas 23:40-43). "Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino", ele pediu. Ao que o Senhor imediatamente respondeu, "... hoje estarás comigo no Paraíso". Que fé humilde ele tinha!! Mas que Salvador Jesus é! Há esplendor até na morte, até na sepultura. As palavras do profeta novamente vieram à vida na História. "... vos entreguei o que também recebi que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado..." (1 Coríntios 15:3-4).

por: Paul Earnhart

Um Cordeiro levado ao matadouro



"E le foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca" (Isaías 53:7). Foi espantoso que o Servo do Senhor tivesse que sofrer, foi incrível que ele tivesse de ser morto sem choro. Não houve um aspecto do evangelho de Cristo que exigisse mais da credulidade das mentes do primeiro século do que a idéia de que Deus havia morrido. Era uma pedra de tropeço para os judeus e loucura para os gregos (1 Coríntios 1:23). E por que não? O próprio fato que os homens pudessem matar Jesus era prova convincente para as mentes práticas de que ele não era o Filho de Deus. Era, para eles, incontestável. Homens não podem matar Deus! E mais ainda, eles estavam certos. Nenhum homem, nem a humanidade como um todo, podem superar o poder de Deus (Salmo 2:1-5). A menos, naturalmente, que ele o queira; a menos que o permita.

O abate de bois é esperado com muito berro e esforços frenéticos para escapar, mas as ovelhas vão para sua morte quietamente, sem resistência. Nenhuma palavra poderia ter descrito melhor o modo surpreendente como Jesus aceitou seu sofrimento e morte do que Isaías. Nenhuma mão de carne e osso poderia tê-lo ameaçado, mas desde o princípio da sua estadia entre os homens Ele se fez acessível ao toque deles. Foi permitido que homens e mulheres pecadores o agarrassem em desespero (Marcos 3:10; 5:28). E ele freqüentemente colocou alegre e compassivamente suas mãos sobre eles (Mateus 8:3, 15; 9:29; Lucas 22:51). Em demonstração da realidade de sua verdadeira presença entre nós, em carne, João escreve: "... o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida" (1 João 1:1).

Mas ainda nos surpreende que aquele que tinha 72.000 anjos sob seu comando (Mateus 26:53), um só dos quais pode destruir 185.000 soldados assírios em uma noite (2 Reis 19:35), nada fez diante do impiedoso ataque enfurecido dos homens ímpios que o agarraram e o brutalizaram sem misericórdia. A resposta, naturalmente, era simples. Seu Pai assim o queria (Mateus 26:54), e ele o queria (João 10:18). Jesus não esperou que 600 homens que acompanharam Judas para buscá-lo em seus esconderijos secretos o prendessem. O Filho de Deus tirou de Judas sua utilidade andando em direção à trilha da multidão e se identificando abertamente (João 18:1-4). O ungido do Senhor aceitou sua prisão sem discutir. Cuspo desdenhoso, misturado com sangue, desceu pela face do Deus em carne, mas "ele não abriu a boca". É evidente que nenhum daqueles homens, nem um milhão iguais a eles poderiam jamais tê-lo pegado. Mas o que se torna cada vez mais aparente quando a profecia de Isaías se desenvolve em realidade histórica é que Jesus está simplesmente dando-se a eles. Quão pouco eles percebiam que tudo o que eles faziam era Sua vontade que estava sendo cumprida e não as suas próprias. Quão pouco eles percebiam que mesmo no seu desamparo, era ele que governava e dirigia os eventos, e não eles mesmos (João 19:10-11).

E assim Deus, na verdade, morreu como um cordeiro, inocente, sem se queixar. Já o ouvimos há tanto tempo que não ficamos mais chocados com isso.

Mas talvez a mais impressionante revelação de Isaías 53 fale da fonte do terrível sofrimento do Servo. O profeta não coloca este erro monstruoso, omo poderia ter sido esperado, aos pés dos homens sem misericórdia. Ao contrário, ele diz "mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos" (Isaías 53:6). E o que é ainda mais chocante: "Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo..." (Isaías 53:10). Aqui está embutida a terrível necessidade de redenção humana. É maravilhoso ler a promessa de Isaías que este Servo é destinado a servir não só Israel, mas as nações; mas o enorme custo divino só agora é percebido. Ele morreu como um cordeiro porque era um cordeiro, um cordeiro sacrificial para propiciar a justiça de Deus e tornar possível sua misericórdia clemente (João 1:29). Todos os cordeiros que tinham morrido na história humana apontavam para este. Jesus era o cordeiro pressentido no carneiro que morreu em vez de Isaque, no monte Moriá. O Senhor verdadeiramente providenciou! Ele era a verdadeira e última expressão do cordeiro imaculado da Páscoa cujo sangue abrigou Israel da ira de Deus no Egito (1 Coríntios 5:7).

Mas por que ele tinha que morrer, e morrer tão horrivelmente? Porque ele era a propiciação por nossos pecados (1 João 2:2) e nele tinha que recair a justa ira divina imparcial de um Deus santo (Romanos 1:18) que não pode ter "treva nenhuma" (1 João 1:5-6) e, portanto, não pode simplesmente dizer aos pecadores, a quem ele ama, "Eu vos perdôo". "Se ele tivesse que perdoar meramente por compaixão, ou porque um ser soberano pode fazer o que quiser, ele destruiria a estrutura moral do universo" (Frederick Alfred Aston, O Desafio das Eras, 19). Talvez um anjo santo pudesse ter sido encarnado e propiciado os pecados de uns poucos de nós, mas para a iniquidade combinada de todos os homens, seria preciso mais do que a simples morte do próprio Filho de Deus, mas "morte na cruz". A salvação é, oh!, tão gratuita para nós, mas não foi gratuita para ele.

por: Paul Earnhart

O Redentor rejeitado!



"Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer" (Isaías 53:3). É impressionante considerar que o redentor da humanidade teve que vir ao mundo não somente sem ser anunciado, mas não reconhecido e indesejado. Tivesse sido deixado à nossa iniciativa, nunca teríamos, naturalmente, lhe pedido que viesse. E quando, pelo divino cuidado, ele veio, não tivemos sequer o bom senso de reconhecer nele nossa única esperança de escapar ao desastre. Ele era o criador do universo, e por seu poder todas as coisas são mantidas (Colossenses 1:16-17; Hebreus 1:2-3). Somente pela sua força os homens podiam respirar (Atos 17:25-27), e no entanto, quando ele veio ao mundo, eles nem mesmo o reconheceram (João 1:10). Você poderia pensar que, quando Deus desnudou seu santo braço diante das nações, na pessoa de seu único Filho, nós teríamos tido sensibilidade suficiente para ao menos identificá-lo. Mas Isaías disse que isso não aconteceria, e não aconteceu. Quando o Messias viesse, o profeta disse, ele seria desprezado como um embaraço, julgado simplesmente indigno de notícia. "... como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso" (53:3).

Mas se é notável que o mundo em volta não ficou impressionado com o Filho de Davi, é absolutamente notável que ele foi rejeitado pela nação de Israel. Ele era o seu Messias, o ungido de Deus, o objeto de sua aspiração nacional, o consolador, apaixonado sonho de seus corações. Desde o tempo de Abraão eles tinham alimentado a esperança de sua vinda. Entretanto, quando ele veio, até eles o rejeitaram (João 1:11). É incrível! Mas Isaías disse que isso haveria de acontecer, e aconteceu. A advertência não mudou nada. Por fim, até os chefes espirituais da nação ficariam no monte onde o crucificado estava exalando os últimos suspiros e atirariam ao seu rosto as próprias palavras que Davi tinha profetizado: "Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no SENHOR! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer" (Salmo 22:7-8; Mateus 27:43).

A maioria de nós imagina que teríamos sido mais sensíveis, reconhecendo facilmente o Servo de Deus. Mas a pergunta é: Como? Por aquela ficção dos artistas medievais, a auréola em volta de sua cabeça? Pelo seu dinheiro? Sua óbvia nobreza? Seu poder político? Como poderiam pessoas como nós, fascinadas e ocupadas com tantas superficialidades estúpidas, ter visto a verdadeira beleza de sua absoluta santidade e amor? Isaías descreveu a recepção que ele teria da maioria, se não de todos nós. E é indescritivelmente ultrajante.

Mas nos versículos 4-6 Isaías descreve as perturbadoras reflexões que viriam a ocupar a mente de alguns daqueles que tinham tratado o ungido do Senhor com tal desdém. "Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido" (Isaías 53:4). Era inclinação natural da mente judia julgar que os infortúnios de um homem fossem o resultado de sua própria iniquidade, um homem mau acabando mal (Jó 4:7-9; João 9:1-2). Assim aqui: "nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido". Sem dúvida os principais sacerdotes que maquinaram a execução de Jesus aquietavam quaisquer dúvidas que pudessem ter, dizendo a si mesmos que um homem bom não poderia chegar a tal fim e, se ele fosse realmente o Filho de Deus, eles jamais poderiam tê-lo tratado tão mal. Mas a pureza deste inocente sofredor, e a mensagem clara do sistema sacrificial deles, finalmente traz o remanescente judeu acordado à percepção de que sua agonia fala, não da feiura de seus pecados, mas dos deles. "Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades" (Isaías 53:5). Por fim, eles veriam espelhada nos horrores da cruz a imensidade de sua própria perversidade. Assim todos nós temos que ver. Se isto foi o que custou a Deus e seu ungido para propiciar nossos pecados, eles devem ser mesmo negros. Precisamos olhar atentamente para o sofrimento do Servo, até que verdadeiramente vejamos a nós mesmos. As "nossas enfermidades" no versículo 4 são entendidas por Mateus, que diz que esta mesma passagem foi cumprida quando Jesus libertou o possesso do demônio e curou os doentes (Mateus 8:17). Mas é preciso ser lembrado que é a ligação das doenças físicas e a morte com o pecado (veja Gênesis 3:17-19) que torna significativo o serem carregados pelo Messias. Ele curou um homem paralítico, não para que os homens soubessem que ele podia curar os doentes, mas para que soubessem que ele poderia dizer, com certeza, "... teus pecados estão perdoados", e para que todos pudessem "saber que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados..." (Marcos 2:9-11). É claro que o pecado era o objeto da preocupação do Messias, mas a solução do problema do pecado afasta finalmente todas as misérias resultantes que nossa iniquidade trouxe sobre nós (1 Coríntios 15:25-26).

O pensamento mais potente nestes versículos é que Deus, através de Seu Servo escolhido, queria suportar as cargas que nós, por nossa própria teimosia, temos suportado sozinhos. Israel não era uma vítima inocente, nem ignorante. Nós também não somos. Como ovelhas distraídas, todos temos seguido, sabendo e querendo, "nosso próprio caminho". E a "paz" e a "cura" do espírito que buscamos tão desesperadamente foi comprada ao preço dos castigos e dos açoites que Jesus suportou.

por: Paul Earnhart

O Libertador desfigurado



O último e mais constrangedor dos "Cânticos do Servo" começa em 52:13 e leva sua visão messiânica a um grande, mas surpreendente, clímax. Agora as sugestões obsessivas de sofrimento que têm se insinuado no meio de declarações do poder do Servo se tornam uma afirmação graficamente minuciosa. Na verdade, é tão vívida a descrição do profeta que do nosso ponto de vista torna-se quase impossível imaginar que ele viveu 750 anos antes da representação destes eventos memoráveis.

Isaías apresenta sua notável descrição do "Servo sofredor" (capítulo 53) dando uma breve, mas poderosa, visão geral de sua história (52:13-15). Deus declara pelo profeta que seu "servo procederá com prudência"; que ele finalmente "será exaltado e elevado e será mui sublime" (versículo 13). Mas se era assim que as coisas seriam finalmente, não era assim que começariam. Esta figura profética sobre quem toda a História estava destinada a depender tinha primeiro que assombrar o mundo com o grotesco de seu aparecimento: uma forma tão desfigurada que não mais parecia humana. E então, tanto quanto eles estavam chocados e repelidos por sua desolação, as nações teriam que ficar ainda mais admiradas pela sua exaltação. De tal degradação era para vir uma tal glória que atordoasse o mundo até o silêncio. Era para ser uma eventualidade nunca ouvida e inimaginável mesmo entre os homens mais poderosos.

Tendo predito claramente o destino definitivo do Servo de Deus, Isaías volta-se para os tristes pormenores da recepção do Messias em Israel. "Quem creu em nossa pregação?" ele lamenta, "e a quem foi revelado o braço do SENHOR?" (53:1). Isaías estava, sem dúvida, aflito pela pertinaz obstinação do povo de seu próprio tempo. Como Deus o tinha advertido, sua pregação, destinada a trazer arrependimento, tenderia mais a endurecer seus teimosos corações até que ficassem como pedra espiritual (6:9-10). Mas o cumprimento final da .profecia de Isaías esperaria a vinda do Messias (João 12:37-40; Mateus 13:13-15). Homens que reverenciam o poder bruto dificilmente conseguem reconhecer a força insuperável ("braço do Senhor") de um Deus justo e santo cujo intento é, não devastar, mas redimir e transformar. Assim, o Servo do Senhor estava destinado a vir a um mundo despreparado para reconhecê-lo ou recebê-lo.

Isaías continua agora a explicar as razões e a extensão da rejeição do Messias. "Porque foi subindo como um renovo perante ele e como raiz duma terra seca..." (53:2). Ele tinha que ser o broto verde que levantaria maravilhosamente do tronco aparentemente morto da casa de Davi (Isaías 11:1). Ele cresceria e floresceria em um Israel que quatro impérios invasores tinham transformado em deserto, numa região da terra onde a corrupção gentia tinha feito inconcebível qualquer grande acontecimento espiritual (Isaías 9:1-2; João 1:46). Era um lugar muito estranho para o Rei do universo surgir.

Mas nem sua origem nem sua aparência seriam achadas minimamente atraentes. "...não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse" (53:2). Estas palavras, cremos, não se referem principalmente à aparência corporal do Servo. A forma física de Jesus tão pouco preocupou os escritores dos evangelhos que eles não nos dão sequer uma única descrição dela; nenhuma palavra nos diz como ele se parecia, sua altura, ou constituição, ou cor de cabelo ou olhos. Isto é absolutamente notável em biógrafos, especialmente quando dois deles conheciam seu biografado intimamente. Mas isto não seria surpreendente num Deus que disse há muito tempo que ele "olha o coração" (1 Samuel 16:7). Isso só surpreende aqueles que continuam fascinados pelas aparências.

Não foi alguma feiura repulsiva da carne, mas a inesperada e inaceitável humildade de suas circunstâncias, que fizeram com que Israel achasse seu Messias sem atrativos. Ele nasceu, não de óbvia realeza ou posição, mas de uma pequena moça camponesa judia, cuja pobreza tornou impossível, no nascimento de seu filho, até mesmo o sacrifício normal de purificação (Lucas 2:22-24; Levítico 12:6-8). E as circunstâncias de seu nascimento foram espantosas --não num palácio, no meio de multidões adoradoras, mas num estábulo, onde o odor dos animais permanecia, e assistido somente por alguns pastores insignificantes.

Teria sido diferente se seu humilde nascimento tivesse levado a algo mais palpavelmente real. Mas seu humilde nascimento levou a uma vida humilde: o filho de um carpinteiro (Marcos 6:2-3) que não tinha nenhum dinheiro (Mateus 8:20), nenhum, treinamento rabínico (João 7:15), e nenhuma posição social (João 7:48). Ele foi tudo o que os seres humanos comuns temem ser, e não tinha nenhuma daquelas coisas que eles entesouram. Ele era destituído daqueles adornos de riqueza, poder, e sabedoria mundana pelos quais estamos acostumados a reconhecer a importância. Na verdade, ele "não tinha aparência nem formosura" e "nenhuma beleza que nos agradasse". Como poderiam homens que amam o dinheiro, a fama e o poder carnal ter reconhecido que este era Deus feito carne? Ele pediu aos homens que não o julgassem "segundo a aparência" (João 7:24), mas eles não tinham olhos para ver a beleza de sua graça e santidade, nem ouvidos para ouvir a insuperável sabedoria de suas palavras.

por: Paul Earnhart

Um Salvador surpreendente!



O Servo Sofredor de Isaías não é apresentado pela primeira vez pelo profeta em 52:13. Os "cânticos do servo", como às vezes são chamados, começam no capítulo 42. Naturalmente, há mais de um "servo" considerado nesta última parte de Isaías. Há o servo de Deus, Israel, que, ainda que cego para sua justa vontade e surdo para sua disciplina, não será abandonado (41:8-10; 42:18-25; 43:8-13; 44:1-5, 21-28). Há Ciro, o "pastor" do Senhor, sem o saber, seu "ungido" por quem ele libertará seu povo de Babilônia cerca de cem ou mais anos mais tarde (41:2-3; 44:26 - 45:7). E, nos capítulos de encerramento do livro, há os "servos" do Senhor que são os redimidos no reino messiânico (54:17; 56:6; 65:8-15). Porém, o mais significativo de todos, e distinto dos outros, é o Servo ideal de Jeová, o Aquele por quem seu propósito redentor para Israel e para as nações será cumprido (42:1-9; 49:1-13; 50:4-11; 52:13 - 53:12).

Não há questão quanto ao "servo" do capítulo 42 ser uma figura imensa, com tremenda autoridade. Ele é o deleite de Deus, o instrumento escolhido de seu reino justo entre as nações (42:1). Mas esta passagem torna claro que ele é também um Libertador, aquele que levará a luz aos gentios, abrirá os olhos dos cegos, e livrará os prisioneiros das trevas (42:6-7). E o fará quietamente, e com gentil compaixão (42:2-3). Mateus diz explicitamente que Jesus cumpriu esta passagem quando pediu àqueles que Ele tinha curado que não o fizessem conhecido (Mateus 12:15-21).

Há um segundo "cântico do servo" no capítulo 49. Na superfície, o versículo 3 pode parecer que Isaías esteja falando de Israel, mas os versos que se seguem tornam claro que é outra coisa. Este é o servo que não somente irá redimir Israel, mas cuja grandeza exige que ele seja o Salvador das nações (versículos 5-6). É esta mesma passagem pela qual Paulo justifica a pregação de Cristo aos gentios (Atos 13:46-47).

Mas agora, pela primeira vez, uma nota ominosa insinua-se na visão de Isaías deste Libertador universal. Aos olhos de Jeová, ele há de ser o "Redentor de Israel, e o Santo", mas é destinado a ser desprezado pelos homens em geral e abominado por Israel especialmente, ainda que por fim aqueles que primeiro olharam para ele com desdém se levantarão para adorá-lo (49:7). Paulo entendeu as palavras do 49:8, "No tempo aceitável, eu te ouvi", para aplicá-lo à era messiânica. "Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno" (2 Coríntios 6:2-3).

No terceiro "cântico do servo," Isaías se estende no tema da rejeição do Servo (50:4-11). Em sua extrema submissão a Deus, este Redentor universal achará necessário desnudar suas costas para o açoite e receber em sua face uma saraivada de golpes e cuspe (50:5-6). Ainda que nenhum escritor do Novo Testamento apele para estas palavras, sua semelhança com a agonia de Jesus é tocante. O paradoxo da grandeza do Servo e do seu sofrimento intensifica-se neste capítulo, mas atinge seu clímax em 52:13 - 53:12.

Mas poderemos estar certos de que estes versículos são messiânicos, que eles não falam de algum remanescente santo de Israel, um ou mais dos profetas? A emergência clara de uma única personalidade em todas estas passagens deverá levantar sérias questões sobre tal interpretação, mas os escritores do Novo Testamento dão fim a tal especulação. Lucas entendeu que falavam do Messias, e certamente Filipe também (Atos 8:32-35). Assim João (João 12:37-41) e Pedro (1 Pedro 2:22-25) e Paulo (Romanos 10:16). E mais significativo é o registro de Lucas da aplicação por Jesus das palavras de Isaías 53:12 a si mesmo: "Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito, 'Ele foi contado com os malfeitores'" (Lucas 22:37).

A verdade é que Isaías 53 permanece uma das mais poderosas provas proféticas do messianismo de Jesus. Foi uma idéia inesperada demais e aparentemente contraditória para ter sido simplesmente desejo esperançoso ou suposição de Isaías. Era incrível demais e totalmente fora da expectativa judaica no primeiro século para ter sido calculadamente preenchido por algum impostor. Como alguém observou, a profecia e o completo cumprimento dela por Jesus são demasiado incríveis para serem falsos!

por: Paul Earnhart

Quando a oração é abominável!



Quando a oração é abominável

O que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável" (Provérbios 28:9).

Deus quer que seus filhos orem. A Bíblia nos ensina a orar sem cessar e a ser perseverantes na oração (1 Tessalonicenses 5:17; Romanos 12:12). Jesus disse que os homens devem "orar sempre e nunca esmorecer" (Lucas 18:1).

Contudo, a oração de alguém pode ser abominável aos olhos do Senhor. É isso que acontece quando a pessoa "desvia os ouvidos de ouvir a lei".

Desviando os ouvidos

Como uma pessoa pode desviar seus ouvidos de ouvir a lei?

Œ Por escolher ser ignorante. Pedro falou sobre alguns escarnecedores que deliberadamente esqueceram dos fatos da palavra de Deus (2 Pedro 3:5). Algumas pessoas preferem as trevas sobre a luz. O pior tipo de ignorância é a ignorância voluntária!

 Pela negligência. Alguns desviam os ouvidos de ouvir a lei por negligência. São descuidadosos e não atenciosos no estudo das Escrituras. Eles deixam de cumprir alguns deveres por causa da negligência. Por que Deus ouviria a oração de alguém que negligencia a palavra dele?

Ž Por desobediência proposital. Quando Jeová apelou aos israelitas para que andassem pelas veredas antigas, a resposta deles foi: "Não andaremos" (Jeremias 6:16). Eles foram avisados sobre sua rejeição intencional da palavra de Deus: "Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras e rejeitam a minha lei" (Jeremias 6:19).

Desviando os ouvidos de Deus

Quando um homem desvia seus olhos de ouvir a lei de Deus, Deus desvia seus ouvidos de ouvir a oração do homem! Deus recusa ouvir aquele que recusa ouvir a Deus!

Uma oração poderia ser perfeita em forma e impressionante (aos ouvidos humanos) por sua eloqüência, mas ainda ser ofensiva ao Todo-Poderoso. "Deus olha mais para a conduta da vida do que para a linguagem da oração. Ele não aceita reverência no templo quando vê maldade na praça" (W. F. Adeney).

Louvor externo não tem valor se não haver devoção do coração. Nada impede a oração como iniqüidade. Quando o pecado jaz à porta, a passagem é interditada. Oração implica submissão. Rejeição da lei de Deus é insubmissão.

O salmista disse: "Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido" (Salmo 66:18). Este princípio foi reconhecido pelo cego curado por Jesus. Ele comentou: "Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica a sua vontade, a este atende" (João 9:31).

Louvor abominável

Isaías falou ao povo de sua época, um povo totalmente doente, que Jeová foi ofendido pelo louvor deles. Deus olhou para a sua decadência espiritual e disse: "Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene. As vossas Festas da Lua Nova e as vossas solenidades, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Pelo que, quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as vossas orações, não as ouço, porque as vossas mãos estão cheias de sangue" (Isaías 1:13-15). A adoração deles foi abominável diante de Deus, porque não respeitaram a lei dele.

Deus deu uma advertência semelhante através do profeta Amós: "Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembléias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene." (Amós 5:21-24).

Quando o rei Saul desobedeceu a Deus, o profeta Samuel lhe disse: "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros" (1 Samuel 15:22). A obediência dá credibilidade ao nosso louvor.

por: Irvin Himmel

Mestre de intrigas



Ao que cuida em fazer o mal, mestre de intrigas lhe chamarão" (Provérbios 24:8).

Há pessoas cujo negócio é praticar maldade. Eles cogitam, planejam e tramam maldades. São "inventores de males" (Romanos 1:30).

O ladrão estuda para descobrir um jeito de entrar numa casa despercebido. O assassino cuidadosamente planeja como matar alguém sem deixar pistas. O caloteiro procura descobrir maneiras para enganar uma pessoa inocente. O estuprador reflete sobre planos para achar e atacar sua vítima sem ser preso. O batedor de carteiras considera vários ángulos de abordagem para conquistar seu alvo. Grandes mafiosos em prostituição e pornografia utilizam advogados caros para escapar das conseqüências dos seus atos.

"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicando na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração" (Gênesis 6:5). A situação geral da época de Noé ainda é o caso de muitas pessoas hoje em dia. Nem todos os pecados são premeditados, mas muitos malfeitores maquinam o mal todo o tempo (Provérbios 6:14).

Exemplos bíblicos

Œ O Rei Saul. Motivado principalmente pela inveja, Saul se dedicou a prejudicar Davi (1 Samuel 18:6-9). Ele ofereceu a Davi sua filha, Mical, como esposa, pedindo cem prepúcios de filisteus como dote. "Porquanto Saul tentava fazer cair a Davi pelas mãos dos filisteus." O plano fracassou, pois Davi e seus homens mataram duzentos filisteus e não apenas cem (1 Samuel 18:20-27). Saul tentou matar Davi com sua lança, mas Davi escapou. Ele enviou servos para vigiar a casa de Davi e o matar de manhã. Mical ajudou Davi fugir (1 Samuel 19:10-17). Correndo de um lugar para outro para ficar fora do alcance de Saul, Davi sabia "que Saul maquinava o mal contra ele" (1 Samuel 23:9). As ciladas de Saul fracassaram porque Deus estava com Davi.

 Hamã. Um agagita e inimigo dos judeus, Hamã se tornou primeiro ministro do governo persa. Hamã tramou um plano para exterminar por completo o povo judeu. Ester, uma judia bonita que havia se tornado rainha da Pérsia, arriscou a sua vida para expor o plano mal de Hamã. Ester abordou "o rei e se lhe lançou aos pés; e, com lágrimas, lhe implorou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e a trama que havia empreendido contra os judeus" (Ester 8:3). O decreto feito sob a influência de Hamã foi contrariado por outro decreto real.

Ž Líderes gananciosos. O profeta Miquéias dirigiu suas palavras àlguns nobres ou líderes entre os israelitas que tramavam maldade para se enriquecer. "Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniqüidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam; se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança" (Miquéias 2:1-2). Esses homens cobiçosos ficaram acordados à noite planejando sua maldade. "Sua maldade é planejada e proposital...pois ao invés de se retirarem para dormir a noite, eles ficam acordados tramando e preparando seus planos maus" (H. Hailey).

 Sambalate, Tobias e Gesém. Esses homens eram estrangeiros que moravam perto de Jerusalém quando Neemias chegou para reconstruir os muros da cidade. Eles tramaram para impedir o trabalho nos muros. "E muito lhes desagradou que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel" (Neemias 2:10). Eles ridiculizaram os esforços e sugeriram que os judeus estavam se preparando para rebelar contra os persas (Neemias 2:19). Eles zombaram (Neemias 4:1-2) e ameaçaram pelejar contra Jerusalém (Neemias 4:8). Mais tarde, enquanto o trabalho nos muros progredia, esses inimigos dos judeus pediram que Neemias os encontrasse no vale de Ono. Neemias percebeu seu plano mau e recusou ir. Ele disse: "Porém intentavam fazer-me mal" (Neemias 6:2).

 Os principais sacerdotes e escribas. Esses líderes judeus na época do ministério de Jesus estudaram e consultaram entre si, planejando a morte de Jesus. "Então, os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, chamado Caifás; e deliberaram prender Jesus, à traição, e matá_lo" (Mateus 26:3-4). Os principais sacerdotes concordaram em pagar para Judas 30 moedas de prata para que ele traísse Jesus (Mateus 26:14-16). Os mesmos líderes, mais tarde, procuraram "algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte" (Mateus 26:59).

Esses são poucos dos muitos exemplos na Bíblia de pessoas que podem ser chamadas "mestres de intrigas". Deus considera abominável o "coração que trama projetos iníquos" (Provérbios 6:18).

por: Irvin Himmel

O falador que faz mexericos



O falador que faz mexericos

"O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre" (Provérbios 11:13).

O mexeriqueiro é um informante, um leva-e-traz de bisbilhotices, de tagarelices, um revelador de segredos, um novidadeiro, aquele que caça segredos, verdadeiros ou falsos, para irradiá-los, um difamador. Ele é "o abelhudo, o mercador de escândalos" (A. Clarke).

"O mexeriqueiro descobre o segredo...." Aquele que vem com histórias sobre outras pessoas, provavelmente revelará nossos segredos e contará histórias sobre nós. É tolice confiar nele. "Tal homem está tão ansioso para obter alguma coisa para conversas que revelará coisas que deveriam ser guardadas dentro de seu próprio conhecimento" (E. M. Zerr). Ele é capaz de até contar coisas sobre si mesmo que deveriam ser mantidas em segrego.

Maneiras de mexericar

ŒComunicação descuidada. Algumas vezes as pessoas, numa conversa animada, são arrastadas a dizer coisas sem pensar. Talvez a língua esteja batendo mais depressa do que os processos de pensamento estejam funcionando. Palavras que levam boatos e relatos que poderiam ser danosos à reputação de alguém são deixadas escapar dos lábios. O falador não entrou na conversa para se tornar mexeriqueiro mas, por descuido, de fato se envolveu em passar adiante uma bisbilhotice. Palavras imprudentes podem revelar segredos e prejudicar tão rapidamente como palavras escolhidas deliberadamente com esse fim.

Insinuação maliciosa. Em muitos casos, o mexeriqueiro solta alusões sutis que naturalmente despertam curiosidade. Ele faz insinuações que estimulam perguntas. Ele aguça o apetite do ouvinte. Por exemplo, ele pode dizer, "Não ficaria bem para mim dizer tudo o que sei, mas posso lhe dizer apenas isto." O mexeriqueiro começa sondando até que todo o assunto está à vista.

Ž Comunicação confidencial. A história pode ser levada por alguém que roga que o que ele está para relatar tem que ser mantido confidencial. "Isto fica estritamente entre mim e você", ele insiste. Ele trai a confiança do outro enquanto insiste em que alguém não siga seu exemplo! Ele até pode acentuar a necessidade de "guardar isto debaixo do seu chapéu", falando num sussurro. "Você não pode transpirar nem uma palavra sobre isto, a ninguém", ele adverte enquanto despeja toda a história.

Tagarelice aberta. E há também o mexeriqueiro que anuncia em voz alta tudo, não importa quão pessoal e confidencial possa ser. Passar-lhe informação é como pô-la no noticiário das seis horas. Ele age como se fosse o seu papel contar tudo o que sabe, quer precise ser dito ou não. Ele vibra por ser o primeiro a informar alguém sobre alguma coisa, mesmo que seja caluniosa. Ele é viciado em contar tudo que ouve. Em muitos casos, esta pessoa intromete-se em assuntos que não são de sua conta, passa muito tempo ao telefone (é sua linha privativa!), e faz um monte de perguntas.

Seja qual fora a técnica do mexeriqueiro, ele está empenhado numa prática podre. A lei de Moisés dizia claramente, "Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo..." (Levítico 19:16). O Novo Testamento adverte contra sermos abelhudos, cochichadores e maldizentes (2 Coríntios 12:20; 2 Tessalonicenses 3:11; Romanos 1:29-30).

Guardar segredos

Enquanto o mexeriqueiro revela o segredo, "o fiel de espírito o encobre". O indivíduo que é "fiel de espírito" é digno de confiança. Ele respeita a confiança que outro depositou nele. Ele é "aquele que comprova ser fiel e verdadeiro" (F. Delitzsch). Ele tem a capacidade que parece tão rara: habilidade para manter um segredo!

Todos nós devemos cultivar e manter um "espírito fiel". "Mas todos deverão ser cautelosos," como Ralph Wardlaw afirma em seu livro Lectures on the Book of Proverbs. "É muito errado, falando de modo geral, sujeitar-se a uma obrigação de segredo sem saber o que está para ser comunicado." Wardlaw acrescenta, "Daí a forte objeção por parte dos cristãos ao sistema de Maçonaria, que esconde seus segredos até que aqueles que procuram iniciação fazem juramento solene de nunca revelá-los." Ele ainda ressalta, "Poderemos, assim, cair numa armadilha... pois o segredo pode ser algo que não deveria ser encoberto. Pode envolver o interesse de outros; pode envolver a causa da religião e a honra de Deus. Cautela, então, contra receber imprudentemente segredos." Este é um bom conselho. Manter assuntos pessoais secretos é uma coisa; um voto cego de sigilo é outra coisa.

por: Irvin Himmel

Proceder sem refletir



"Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado" (Provérbios 19:2).

Reflexão exige entendimento ou percepção; é iluminação de pensamento; é compreensão e conhecimento de informações; é o oposto da ignorância.

O conhecimento que precisamos

Muitas pessoas têm muito conhecimento de muitos assuntos. Algumas pessoas entendem bem as ciências, a matemática, a história, a economia e a política, mas são terrivelmente ignorantes em relação à Bíblia.

Œ Precisamos de conhecimento de Deus. Este conhecimento pode ser adquirido através da aplicação da mente à revelação da verdade nas Escrituras. Devemos entender a vontade dele e aplicá-la a nós mesmos. No dia do julgamento, haverá vingança contra aqueles que "não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus" (2 Tessalonicenses 1:8).

 Precisamos de conhecimento de nós mesmos. Devemos saber por que existimos, o que é esperado de nós, e como nos conduzir nas relações humanas. A palavra de Deus revela os fatos sobre a natureza do homem, os nossos deveres a ele e uns aos outros, e o nosso destino. Ninguém pode realmente entender a si mesmo sem informações do Deus que nos criou.

Ž Precisamos de conhecimento da salvação. A palavra de Deus mostra a nossa condição perdida e revela o caminho para a salvação por meio de Cristo. "E serão todos ensinados por Deus" (João 6:45) é o plano divino. "...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8:32).

Não é bom estar sem conhecimento

Œ Capacidade mental é desperdiçada. Deus nos deu poderes intelectuais para receber e guardar conhecimento. Os olhos foram feitos para ver, não para absorver a escuridão. Que tragédia que alguns que têm mentes boas nunca se aplicam para aprender o caminho da justiça. Eles planejam a maldade, ou meios de adquirir dinheiro, ou maneiras de aumentar a popularidade; são sábios das coisas do mundo, mas extremamente ignorantes das verdades espirituais. Suas capacidades mentais são desperdiçadas em coisas que não têm nenhum valor eterno.

 A miséria toma conta da alma. O conhecimento alimenta a alma; a ignorância a deixa morrer de fome. O conhecimento liberta; a ignorância escraviza. Como é triste o caminho da vida dominada pelo pecado! Que miséria veio aos corações humanos devida à negligência da sabedoria de Deus. Leia Romanos 1:18-32 e perceba como homens que abandonam a Deus se tornam profundamente depravados. As suas imaginações se tornam vãs e seus corações insensatos se escurecem.

Ž A influência é destruída. O conhecimento é essencial para ensinar outros, seja por palavra ou por exemplo. O conhecimento é poder; a ignorância é impotência. Sem conhecimento, nossa influência para o bem é destruída. Quando os cegos tentam conduzir os cegos, ambos caem no barranco (Mateus 15:14).

 O zelo é mal-direcionado. Os judeus na época de Paulo tiveram "zelo por Deus, porém não com entendimento... desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria", eles não se submeteram ao plano de Deus para justificar os homens (Romanos 10:1-3). Zelo é vão se não for corretamente direcionado por meio de conhecimento. Muitas pessoas, religiosamente zelosas, estão trabalhando contra o ensinamento da palavra de Deus.

 A alma é perdida. Aqueles que andam no caminho das trevas são destinados para serem lançados nas trevas. "É uma calamidade ser ignorante das coisas que preparam o homem a aproveitar ao máximo a vida presente, mas é uma calamidade muito maior faltar o conhecimento que prepara o homem para uma vida abençoada depois da morte" (W. Harris). Oséias corretamente analizou a situação da época dele e clamou: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento" (Oséias 4:6).

Pressa resulta em desperdício

A última parte do nosso texto diz: "...e peca quem é precipitado". Devemos ponderar essas palavras, lembrando de tudo que já foi dito sobre o conhecimento.

A ignorância perde toda cautela, não nos levando para lugar nenhum. Na precipitação, erramos o alvo e agimos de maneira errada. Decisões mal pensadas normalmente são bem caras. Um carpinteiro sabe que é melhor gastar tempo medindo com cuidado do que serrando suas madeiras erradamente.

Os cristãos são ensinados a andar prudentemente, "não como néscios, e sim como sábios" (Efésios 5:15). Quem anda com conhecimento e sabedoria não entra precipitadamente em situações, pois primeiro considera cuidadosamente o resultado. Ele pondera e ora, baseando suas ações no que diz a Palavra de Deus. Assim, cautelosamente, ele prossegue.

por: Irvin Himmel

Pérolas dos Provérbios Ouvir Os Dois Lados da História



"O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina" (Provérbios 18:17).

"Mãe, meu irmão me bateu!" Incontáveis vezes, na vida de mães no mundo inteiro, a cena começa assim. Uma criança chega correndo, acusando outra de algum crime digno de castigo severo. E toda mãe sábia reage com prudência, primeiro apanhando os fatos e depois decidindo como corrigir o problema. Às vezes, ela descobre fatos interessantes da boca da outra criança: "Bati nela, sim. Mas é porque ela agarrou o meu pescoço e estava me sufocando. Eu tive que bater nela para poder respirar." E para provar a sua alegação, este menino mostra as marcas dos dedos da irmã no seu pescoço. E assim continua o desafio de ser juíza dos próprios filhos. A mãe sempre faz questão de investigar os fatos, ouvir os dois lados da história, e só depois toma uma atitude em relação ao culpado ou culpados.

O sistema de justiça do nosso governo se baseia neste mesmo princípio. Qualquer um pode levantar acusação contra outro, mas o acusado tem direito de responder e se defender. É essencial ouvir os dois lados para aplicar a justiça.

Mas, nem todos refletem a mesma sabedoria e prudência. Muitas pessoas chegam às suas conclusões sem ouvir os dois lados. Um amigo chega reclamando da maldade feita por uma outra pessoa e o ouvinte se ira contra o malfeitor. Espere aí. Já ouviu o outro lado? Vai condenar a pessoa sem ouvir o resto da história?

"O que começa o pleito parece justo, até que vem o outro e o examina" (Provérbios 18:17). Não podemos avaliar diferenças com justiça sem ouvir os dois lados. Mesmo quando envolve amigos ou parentes que correm para nos falar sobre a maldade dos outros, precisamos ser justos e ouvir a outra parte.

Quando não conseguimos resolver o problema conversando com ambas as partes, podemos achar necessário chamar testemunhas para esclarecer os fatos. A importância de testemunhas é destacada no Velho e no Novo Testamentos. "Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniqüidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato" (Deuteronômio 19:15). "...pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça" (Mateus 18:16). "Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas" (1 Timóteo 5:19). E cada testemunha tem obrigação de falar a verdade. "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxodo 20:16). "A falsa testemunha não fica impune, e o que profere mentiras perece" (Provérbios 19:9). "Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo..." (Efésios 4:25).

A justiça é uma das qualidades fundamentais do caráter do Santo Deus que nos criou. Nós que procuramos participar da natureza divina (2 Pedro 1:4), imitando o perfeito exemplo de Deus (Efésios 5:1; 1 Coríntios 11:1), devemos demonstrar a justiça quando procuramos entender as diferenças que surgem entre pessoas (Provérbios 21:3).

É especialmente difícil ser justos quando os problemas envolvem certas pessoas. Precisamos de cautela dobrada quando um dos lados é:

Parente. A tendência é de defender a nossa própria família, concluindo que os outros estão errados. Pais tendem a defender os filhos. Irmãos tendem a defender um ao outro (exceto quando o conflito seja entre irmãos!). Mas, às vezes, nossos próprios filhos, irmãos ou pais podem errar. Devemos ouvir o outro lado antes de chegar à conclusão.

Uma pessoa que já errou. Quando alguém já ganhou a reputação de ser briguento ou encrenqueiro, é muito fácil aceitar acusações contra esta pessoa. Por esse motivo, devemos fazer tudo para manter o nosso caráter e, conseqüentemente, a nossa reputação (Provérbios 20:7,11; 22:1). Mas não devemos aceitar acusações não provadas, mesmo quando a pessoa já errou diversas vezes no passado. Pessoas podem mudar. Outras pessoas, na sua astúcia, podem usar a má reputação do outro para ganhar vantagem: "Se todos já acreditam que fulano é mal, então por que não jogar a culpa nele?".

Uma pessoa rica ou "importante". Todos enfrentam uma tentação de ser parciais quando há contenda entre pessoas de "classes" diferentes. A pessoa interesseira pode favorecer o rico, esperando algum favor no futuro. Mas Deus diz: "Não roubes ao pobre, porque é pobre, nem oprimas em juízo ao aflito, porque o Senhor defenderá a causa deles e tirará a vida aos que os despojam" (Provérbios 22:22-23). Nem devemos imaginar que o pobre está sempre certo. O julgamento justo é imparcial: "Parcialidade no julgar não é bom. O que disser ao perverso: Tu és justo; pelo povo será maldito e detestado pelas nações. Mas os que o repreenderem se acharão bem, e sobre eles virão grandes bênçãos" (Provérbios 24:23-25).

Diferenças e contendas surgirão entre pessoas. Algumas delas chegarão a nós defendendo a sua postura e condenando a conduta do outro. Cabe a nós ser justos e ouvir os dois lados da história antes de chegar à conclusão. "Deus não faz acepção de pessoas" (Atos 10:34). Devemos seguir o exemplo dele!

por: Dennis Allan

A falsa segurança dos tolos!



Salomão escreveu sobre um dia terrível quando “em vindo o vosso terror, como uma tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho”. Aqueles apanhados em tal destruição “desprezaram toda a ... repreensão” e eram vítimas da “falsa segurança dos tolos” (Provérbios 1:24-33, RA, NVI).

A falsa segurança dos tolos ... pense um pouco nisso! Nos tempos do Novo Testamento a mesma classe de pessoas é descrita como aqueles que “não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres, segundo suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2 Timóteo 4:3).

Se a verdade, honestamente apresentada, deixa a pessoa incomodada; estamos errados em advertir sobre a “falsa segurança dos tolos”?

Nossos dias são de despreocupada tranqüilidade: “comer, beber e alegrar-se”? Quando Salomão disse isso, ele falava da futilidade da vida (Eclesiastes 8:15); e quando Isaías disse isso, ele concluiu: “pois amanhã morreremos” (Isaías 22:13).

Queremos “liberdade” para ignorar o direito, “independência” para atropelar nossos irmãos? Mas não há nem liberdade, nem independência, em tal procedimento. Somos criaturas, e nenhuma política de cabeça enterrada na areia pode esconder o fato que nossa única esperança repousa em reconhecer e servir nosso Criador.

Estamos confusos. As advertências de Deus não são condenação! Ele aponta para nossos pecados, desafia nosso procedimento imprudente num esforço de preparar-nos para o julgamento final. O evangelho é o poder de Deus “para a salvação” (Romanos 1:16) não para a condenação. O Senhor não quer “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pedro 3:9).

A tranqüilidade daqueles que ignoram sua palavra, que vão alegremente com a maioria, com “gracejo e diversão” para todos, cega-os para a verdadeira alegria e “paz ... que excede todo o entendimento” (Filipenses 4:7). Com “a falsa segurança dos tolos”, nossa nação, nossos lares e nossas almas serão destruídas.

por: Robert Turner

A palavra de Deus: Um fogo ardente




Jeremias, um profeta fiel de Deus, falou com o povo como Deus mandou. A verdade que ele falou, no entanto, não era o que o povo queria ouvir. Ele lhes disse que, por causa da sua maldade, um exército poderoso viria contra eles e os levaria ao cativeiro. Eles viram sua mensagem como traição.

Pasur, também um sacerdote, e alguém com autoridade, se opôs às pregações de Jeremias, bateu nele e colocou-o no trono para todos verem. Jeremias foi ridicularizado – um alvo de riso todos os dias. Todos zombavam dele. Seus inimigos procuraram como prevalecer contra ele. Sob a pressão de uma oposição tão opressiva e incessante ele disse, “Quando pensei: não me lembrarei dele e já não falarei no seu nome, então, isso me foi no coração como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; já desfaleço de sofrer e não posso mais” (Jeremias 20:9).

Que suas palavras possam estar nos nossos corações como um fogo ardente, independente do quanto as pressões da vida possam ser prejudiciais, e que nunca desfaleçamos.

por: Billy Norris

As parábolas de Jesus: Lições que apagaram as luzes



É preciso dizer claramente que as parábolas foram destinadas a apagar as luzes de algumas pessoas. Estas histórias desconcertavam e incomodavam aquelas almas desonestas que estavam ansiosas por abusar de qualquer pequena verdade que parecesse filtrar até elas (Mateus 13:10-15; Marcos 4:11-12; Lucas 8:10). E não podemos pensar nelas como se fossem iletrados religiosos que eram moralmente depravados. Em seu número estavam as pessoas mais religiosas e aparentemente mais piedosas daquele tempo. Mas tinham projetos que diferiam do de Deus.

Depois que o Senhor ensinou sua grande parábola do Pastor e o aprisco, um discurso que parece ter feito no inverno que antecedeu a primavera de sua morte (João 10:1-18), seus críticos se queixaram de que seu ensinamento era obscuro e confuso e que ele deveria dizer-lhes em linguagem clara se ele era o Cristo ou não. A réplica de Jesus foi direta: Já lhes disse numa centena de modos, mas nenhuma delas será bastante, porque vocês simplesmente não acreditam; e não acreditam porque não são minhas ovelhas (10:24-26). O Filho de Deus não estava interessado em meter pela goela abaixo dos homens descrentes o que eles positivamente não queriam. Este grande Pastor estava chamando somente aqueles que queriam ouvir sua voz e segui-lo (10:27). Para os demais suas palavras seriam apenas palavrório sem significado; não porque o fossem, mas porque seus ouvidos carnais não afinavam com as coisas espirituais.

O mesmo ponto é convenientemente demonstrado por uma ocorrência durante o mesmo inverno: a cura pelo Senhor de um mendigo cego em Jerusalém, junto ao poço de Siloé (João 9). No começo, os críticos de Jesus buscaram febrilmente desacreditar esta cura notável (o homem tinha sido cego de nascença) como sendo uma artimanha. Mas, totalmente impedidos pelo testemunho dos pais do próprio homem, foram reduzidos a argumentar insensatamente que o que todos na cidade sabiam que tinha acontecido, não tinha acontecido realmente porque tinha sido feito no dia errado (no sábado) pelo homem errado (Jesus). Baseados em nada além de obstinação cega e inflexível, eles negavam o inegável. Jesus mais tarde teve de dizer-lhes: "Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos" (9:39). Seus críticos judeus, não tão obtusos que nada lhes penetrasse, finalmente pegaram o significado. "Acaso também nós somos cegos?" perguntaram. Ao que o Senhor replicou, "Se fôsseis cegos, não teríeis pecado algum; mas porque agora dizeis: Nós vemos, subsiste o vosso pecado" (9:40-41).

Como já temos observado, as parábolas de Jesus nunca apelavam muito para as pessoas que já se achavam sábias. Elas serviam simplesmente para apagar as pequenas luzes que tais pessoas tinham. Mas isso estava bem, porque o Senhor não o estava chamando, de qualquer modo, e o tempo havia chegado pelo terceiro ano do seu ministério público para afastar os eternos críticos, os curiosos, os freqüentadores habituais descuidados que não tinham real interesse no reino de Deus. Era chegada a hora quando os verdadeiros discípulos tinham que ser reunidos em volta dele e preparados para o inimaginável horror que viria.

Concordando, Edersheim (Life and Times of Jesus the Messiah, Vol. II, pág. 579, 580) classifica as parábolas de Jesus segundo uma escala contínua de crescente hostilidade dos seus oponentes:

As sete parábolas de Mateus 13 sobre a natureza do reino de Deus (no final do segundo ano) foram ditas logo depois que os fariseus tinham recorrido a descartar os milagres de Jesus com a explicação de que eram demoníacos (Mateus 12:22-34).

As parábolas ditas depois da transfiguração (terceiro ano) são encontradas em Lucas, capítulos 10-16 e 18. Estas são sobre o reino, mas têm um impulso admonitório e um tom de controvérsia, em resposta à crescente inimizade dos fariseus.

Há oito parábolas (Mateus 18, 20-22, 24, 25 e Lucas 19) nas quais o elemento controvérsia domina e o aspecto evangelista recua. Elas pegam o tema de julgamento.

A. B. Bruce (The Parabolic Teachings of Christ) as vê também naturalmente divididas em três grupos, mas de acordo com a obra de Jesus como Mestre, Evangelista e Profeta.

As parábolas de ensinamento têm a ver com a obra do Senhor no treinamento dos Doze: parábolas sobre o reino (Lucas 11:5-8 e 18:1-8); e três parábolas que se relacionam com o labor e o galardão no reino: Trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16), Talentos (Mateus 24:24), Minas (Lucas 19:12).

As parábolas de evangelismo incluem aquelas que mostram o amor de Deus pelos pecadores: Os dois pecadores (Lucas 7:40). Ovelha perdida, moeda perdida, filho perdido (Lucas 15). O fariseu e o publicano (Lucas 18:9-14). A Grande Ceia (Lucas 14:16), o Bom Samaritano (Lucas 10:30), o Administrador Infiel (Lucas 16:1). O Credor Incompassivo (Mateus 18:23).

As parábolas proféticas contêm mensagens de julgamento divino e incluem: A Figueira Estéril (Lucas 13:6). Os Lavradores Maus (Mateus 21:33). Casamento do Filho do Rei (22:1). Dez Virgens (25:1). Rico Tolo (Lucas 12:16).

Ainda que a análise de Bruce não seja exata, ela nos dá algumas sugestões úteis sobre como relatar o que Jesus estava tentando fazer durante os meses de encerramento de sua obra, quando tantas forças estavam chegando a uma convergência final.

por: Paul Earnhart