Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!

Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Enterrar um sonho!!!







Ela,procurava um sonho
que pudesse ser enterrado
numa terra fértil.
Foi assolada por ventanias
Que sopravam com rajadas
Que a impediam de enterrar o sonho.

Jamais emudecia as suas palavras,
elas nem sempre eram suaves.
Eram palavras determinadas.
Ele, fitava-a tentando ouvir
o silêncio dos pensamentos dela.

Queria conhecer a armadura brilhante
que a protegia dos ventos alísios e
atento a todas as defensivas,
ouvia só o que o coração sentia
e amava o que dela não via.

Ela tinha sonhos e anseios
E ele aceitou-os e juntou os seus sonhos
Com os sonhos dela e, com os olhos cheios
de pureza e delicadeza cativou-a.

Ela era uma doce menina,
esperou pelo amor uma vida
inteira,um amor como aquele
que se via nos filmes.

Esperava, muitas vezes por alguém
sem rosto, alguém que ficasse com ela
para toda a vida. Era simples e singela,
ela escrevia poesias, em cadernos que guardava,
eram puras e inocentes, escrevia para um amor
que desconhecia.

Era alguém que ela pensava que existia,
ela acreditava que o amor era transcendente
e que ultrapassaria todas as diferenças.

Ele apareceu assim do nada, olhou-a
fixamente veio com o vento numa brisa
do céu numa noite fria e silenciosa
caiu na vida dela,veio vestido de poeta,
lia-lhe a alma e ela sonhava, entrou
de peito rasgado, mostrava-lhe a sua emoção
sem qualquer razão, mas ela em tudo cria.

Ela era transparente e sem malícia
acreditava em tudo o que ele lhe dizia e,
com certeza por isso, acabou por acreditar
que aquele amor era tudo o que sonhava.

Ela deu todo o seu ser por esta miragem
que era o reflexo de tudo o que trazia
dentro de si, os pensamentos que embalavam
o seu sonho, pensava que estavam dentro dele.

Quando se apercebeu, tudo o que sentia
e vivia era para ela mais belo do que
alguma vez imaginara via tudo lindo
e sincero, sem mancha, alvo como a neve.
Pensava que nenhuma palavra poderia
descrever cada momento vivido,
quando se olhavam nos olhos via o futuro
que sempre sonhara dentro dos olhos dele.

Então começou a imaginar que era ele,
aquele que toda a vida sonhara
e começou a senti-lo no passado
da escrita,a vê-lo no presente
com os seus olhos e a imaginá-lo
dentro da sua vida num futuro,
que já cabia dentro dos
seus pensamentos.

Sei que as recordações a acompanharão
por toda a vida e que as canções
que juntos ouviram a farão chorar.
Ah! Se ele tivesse ficado,
ela teria realizado o sonho
mas para ficar, é preciso
muito mais que um olhar
é preciso saltar do sonho,
amar e lutar contra os ventos.


Passaram-se os anos e ela continuava
a pensar nele,aquela imagem dele
que ela tanto amara, mas que não era ele,
mas sim o sonho que era carregara,
doía, como doía...

Jamais se poderão encontrar,
porque o amor não sobreviveu
à morte, mesmo que ela tenha jurado
que seria para lá da morte.

Ela sabia que aquele sonho
não tinha sido enterrado
em terra fértil,
esperou que o sol se pusesse
e a noite veio
com todas as suas estrelas
e uma a uma começaram a apagar
cada letra do sonho e desligaram-lhe
o pensamento e nele nada mais restara
senão a armadura brilhante, para a proteger.

A roda do oleiro, gira e gira sem parar
e numa dessas voltas, surgem sempre imprevistos
pois ele surge e ressurge no pensamento
sem que dele se possa alhear, como no sonho.

Sobre eles, só posso dizer que foram nós
mal atados e não existe mais tempo, ou espaço
para que sejam atados de novo. Asseguro-vos
que ela com toda a sua ingenuidade apertou o nó
com jeito e força, mas era uma força que não possuía.

Posso ainda narrar-vos o choro e as lágrimas
que a menina verteu ao ter que ver a roda rodar
e nada poder fazer.

Permitam-me também que ainda vos diga algo
mais com convicção, que os olhos correm
e tudo o que é fruto dos nossos sonhos
e imaginação cai por terra e mesmo que
a roda do oleiro dê a volta,
com a volta da roda, por vezes
ainda vem a revolta solta
nos pensamentos,
pelo sonho que um dia
ela quis enterrar,
para que ele germinasse
numa terra fértil
e um dia o pudesse colher
e com ele envelhecer....

Por: Alice Barros