Saudades!

Saudades de sentar na beira da praia
escutar o mar bramindo num dia de inverno
e na calmaria da noite, ver-te sorrindo...
Olhar para o céu e ver as formas das nuvens
e com elas brincar no pensamento
fazer figuras no firmamento,
sorrir e me encantar por dentro...
Saudades daquele frio gostoso
que me fazia arrepiar
e daquele caderno que perdi,
onde escrevia para ti
as letras das músicas
que depois cantavas.
Saudades do teu cheiro
a amoras que me entontecia
porque era com ele
que nos teus braços dormia.
Saudades dos teus sorrisos
estridentes que faziam ecos
e faziam as pessoas virarem-se
em cada olhar víamos o desabrochar
de sorrisos sem par.
Saudades de quando fazias de mãe
era tão bom ver o zelo
com que me cuidavas
mas tudo isso morreu naquele dia
que o céu te roubou
o pai que tanto amavas.
Saudades de ouvir-te
sem amargura na alma
saudades de ti dentro de mim
estás lá mas ficas muda,
já não cantas só brigas
saudades de te ver feliz liberta
e desperta para enfrentar
com garra a coragem que tinhas
de fazer do nada tudo e do tudo um mundo...
Saudades de te recuperar
mas fechaste-te no teu mundo
e agora jazes dentro de ti
nas masmorras da revolta
dessa tua vida torta
que teimas em viver
fechando a porta
a todos aqueles que te querem
ver feliz e de novo sorrir...

Saudades, saudades, saudades, eu tenho de ti!

Por : Alice Barros