Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!
domingo, 8 de agosto de 2010
O sonho de Gabriela!
Procurou-me
com os olhos
cheios de lágrimas.
Dos três filhos,
um estava desnutrido,
queria ajuda e narrou-me
o que então acontecia!
Não tinha dinheiro
para comprar pão,
questionei:
como podia ser isso?
Enquanto ela narrava,
eu confrontava,
acabei por perceber
que o dinheiro que ela
recebia para cada filho
era gasto ali no bar da esquina,
a troco de vinho,
pelo homem com quem vivia.
Exausta, depois de ouvir
os pormenores sórdidos
propus-lhe apresentar queixa,
quando lhe vi o corpo pisado
a cada extorsão do dito dinheiro.
Ela a chorar disse:
Não posso fazer nada,
ele disse que me matava
a mim e aos nossos filhos...
Ofereci-lhe abrigo e protecção,
ela disse: Eu só quero pão,
porque amanhã já não os terei comigo
vão tirar-me os filhos.
Chorei quando pensei numa solução,
corri e fui ajudar,
falei com uma pedra de gelo,
daquelas que andam por aí,
também a arrancar esperanças
das vidas que a perderam
em vez de a recuperarem
juntos com ela.
As crianças iam ser encaminhadas
para um lar, a mãe que precisava
de ajuda iria ficar sem amparo,
e sem os filhos que amava.
Afinal em que mundo estamos
já não se recuperam corações
doentes?
A única solução é arrancar os filhos,
e aumentar a dor da infeliz?
Quando olho nos olhos da Gabriela,
vejo alguém que se perdeu,
alguém que poderia ter sido eu,
então limpo-lhe as lágrimas
e convido-a a meditar a vida.
Ela acorda, depois de lhe terem
arrancado os filhos,
e estende as mãos
em direcção ás minhas,
disposta a fazer tudo aquilo
que sozinha não conseguia.
Vai trabalhar, muda de cidade
e começa uma nova vida
encontra-se com um grupo
de pessoas com diferentes problemas,
a partilha dá-se ali,
o sorriso brota com emoção,
sem perder a razão, acredita
na recuperação, e vive atrás do sonho
de recuperar os filhos.
Recuperadas as emoções,
capacidades avaliadas,
mora agora numa casinha
ali mesmo na esquina
com os três filhos
que são a alegria da sua vida.
Gabriela é uma mulher-menina
que um dia teve um sonho
perdeu-se numa ilusão
dela ficou prisioneira
mas a tempo se libertou.
Hoje trabalha e estuda
olha para cima à procura
de um sinal, para poder avançar,
pois agora cada passo seu
é feito atrás do pó
das sandálias de Jesus.
Ficarão sempre na minha memória,
os olhos da Gabriela, a saltarem
felizes, quando mais três pares
de olhos se uniram aos seus
e corriam para abraçá-la,
depois é só imaginar, o que o amor
é capaz de fazer...
Alice Barros
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