Elevo os meus olhos para o céu , de onde vem o meu socorro!
domingo, 27 de março de 2011
Desabafos de uma alma cansada!
A minha alma derrama na simplicidade das minhas palavras,
são partículas de mim, que se soltam comprimem
e me dilatam o coração.
Estes meus sentidos preenchem-me, eles arrancam de mim,
neste silêncio contido as lágrimas que derramo
pela tua/vossa, arrogante prepotência,
que cai e morre na humildade apregoada
a qual desconhecem o paradeiro.
Nesta paz com que visto os meus dias,
de vida a transbordar, neste ser de firmeza
a lutar onde a vida valorizo, neste céu que me cobre
com o azul dos teus olhos.
Oh testemunha, de todos os meus momentos,
sepulto nas palavras o que a poesia me devolve,
nesta escrita por onde jorra a verdade
que grita e asfixia dentro de mim.
Silencio o que não quero nem devo falar,
não gosto de conversas paralelas,
nem de tomar partidos, abomino a confusão
porque quebrados e partidos serão os dias
da tua vida se não ouvires
os sussurros do espírito.
Podia escancarar-te tudo o que sei, mas a minha luta
não é contra a carne, e vais ter que crescer,
de que me adianta falar, se continuas cega
e outras também que como tu foram vítimas,
e cegaram pelas emoções frustraram-se nas mentiras
que para ele são as verdades com que veste
a sua vida torta, também elas acordaram
e o teu tempo também chegará.
A vida estendeu-me o tapete do espírito,
roubou-me a sensibilidade da carne,
as emoções transformaram-se em superação.
Entra agora dentro do meu corpo
e vê cada dor, sente-a e não me enterres flechas
aonde tenho laços de cetim
pendurados nos vasos de violetas.
Sou à prova de sismos, enterrei em mim
no chão da minha alma-coração todos os vasos
de violetas de todas as cores com que durante a vida
presenteei a minha filha e é neles que caiem
as flechas que me atiras e sem força perecem.
Exalas-me nestas violetas, que são o perfume
do mais cândido amor, enquanto te ignoro
e choro as catástrofes!
Ouço os gritos dilacerantes, as buscas são incessantes,
entre as ruínas e os corpos moribundos,
a alma dilacerada chora sem rumo,
pessoas caminham sem direcção, em busca dos entes queridos
e nada senão escombros se vêem.
Enquanto tu brincas de maldizer, com a minha
e com a vida dos outros, nessa trama diabólica e insólita
de tantos teatros, de tantas histórias recambulescas
para te livrares das tuas safadezas e de menino mau,
passas a querubim que desce do céu nesse tecer de palavras
angelicais e mais uma vez caiem todas a teus pés.
E eu antes tua amiga, de menina Santa, menina violetinha,
menina pura, com o branco a cobrir-me a alma alva e nua,
onde nada mais seguro, senão as dores que me parem a vida
e aquelas que também tu lhe acrescentaste,
pela tua malidicência e me sepultas a mim
que sempre te ajudei e apoiei
e para te ilibares estendes-me o teu arco a matar,
para poderes passar.
Acreditam no amor-amizade?
Amor e amizade passaram a ser pó e nada mais?
Acreditam ou não, nesta pureza de alma que sempre vos doei?
Não acredito em mais nada, a não ser que sinta
o toque do espírito, vão ficar aí sem nada dizer?
A vida é amor, também é dor...
Ela deu-me uma filha que tanto amo,
deu-me um amor e também o levou para no céu habitar.
Dos transplantes levou-me ao coma,
das múltiplas cirurgias devolveu-me a vida
e tantas foram as vezes que Deus o milagre operou.
Deu-me um amor que jorra do trono, que se despiu da carne
para viver no espírito, ele cuida de mim,
umas vezes cansa-se e sofre por me ver assim,
outras sou eu que me canso desta vida,
porque imploro sempre por mais sentidos,
mais verdade e transparência e como tudo na vida,
nem só de atenção e doação se vive,
choro e curvo-me diante da minha insignificância
e Ele reina e eu descanso e celebro os meus dias
com um sorriso, porque viver ainda preciso.
Não me sujes o meu céu, não tenho paciência
para turbulências, leva a vida que quiseres,
não me responsabilizes pelos teus actos,
não precisas ter vergonha de mim, por teres voltado atrás
eu mesma te disse para o fazeres e nunca me ouviste,
sê honesto e vai viver não me cruxifiques a alma
porque a vida já me cruxificou o corpo
e a alma é tudo o que me resta
para eu poder viver.
Despe-te de ti, veste-te de céu e vive,
porque na vida apenas conto e somo almas
e as vossas estão entre elas,
vivam e deixem-me em paz!
Alice Barros
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